Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma direita coesa e forte mas o segundo é que a direita também precisa de um PSD vivo e confiável! Até quando?

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A guerra em Angola

Não, não sou um «português do Portugal Ultramarino» como o socialista Medeiros Ferreira gosta de classificar alguns para os desprezar.

Mas, sendo do continente, sempre me interessei pela história da «guerra de África».

Tenho reparado que Mário Crespo da SIC é também um curioso desses tempos e é a segunda vez que abre o «noticiário» com conversas.

Já convidou dois coroneis reformados, cada um deles com invejável curriculum na tentativa de impôr em Portugal um regime comunista.

É claro que, com esta gente, a história é um somatório de «incidentes», historietas de caserna, fábulas engraçadas, invenção de convenientes heróis, omissões dos factos relevantes.

O tema tem sido o 4 de Fevereiro como o desencadear da guerra em Angola.

Eles lá sabem o que lhes convém.

Mas parece-me que a SIC Notícias deveria procurar um pouco mais de credibilidade.

E seria justo que as gerações mais novas fossem informadas dos verdadeiros factos que marcaram o início da guerra em Angola e pudessem, talvez, ouvir falar de Holden Roberto, da UPA, dos bárbaros massacres das populações brancas e nativas em Março de1961, no Quitexe, Toto, Negage, Camabatela e Nova Camabatela.

«... Apenas pomos pé em terra, o espectáculo modifica-se e a metamorfose repelente da vida é formal, súbita, dolorosa.
Quitexe, quatro horas da tarde, uma rua e as matas sufocantes a abafá-la. O cheiro dos mortos, a presença dos mortos a apodrecer, a náusea dos vivos. Imagem do crime. Pulsação apenas. Sangue, sangue, sangue.
A terrifica face das casas esventradas, os cadáveres das crianças e das mulheres.
Ponho as mãos na cabeça, fecho os olhos. Não quero ver. Mas conservo a primeira imagem na mente. E sombras e fantasmas. E o ódio. O ódio que sente quem faz a guerra e reconhece que o inimigo não é humano. “ Isto não é uma guerra” – penso. “Desumano demais para ser uma guerra” (...)»

Esta é apenas uma breve passagem da descrição feita por quem viu, viveu, filmou e fotografou a chacina dos portugueses e trabalhadores angolanos em 1961, Horácio Caio.

Mas há mais no testemunho de Horácio Caio:

« ... Orlando Traila. Chega do Zalala. Traz os olhos de espanto. Olhos terríveis. Vermelhos também.
“Todos mortos no Zalala. Trago aqui alguns” – abateu sobre nós.
Zalala é a fazenda do Ricardo Gaspar. Era a melhor de todo o Congo. Agora não é senão um campo de mortos e depredações. Tudo destruído. Nem um ultimo sopro de vida. A ferocidade dos facínoras chegou ao ponto de degolar as crianças. E as mulheres, despidas, tinham um pau aguçado espetado no sexo (...)»

Há muitas imagens que documentam estas carnificinas.

O princípio da guerra em Angola, está no princípio – não nas fantasias de Mário Crespo da SIC Notícias ... nem nas «aventuras» dos seus amigos.