Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma direita coesa e forte mas o segundo é que a direita também precisa de um PSD vivo e confiável! Até quando?

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A estranha ofensiva contra os partidos

Não sendo preocupante, a intensidade da ofensiva contra os partidos políticos merece reflexão.
Lamentavelmente, o comportamento do governo e do seu Primeiro Ministro em nada contribui para a dignificação do sistema partidário. Muito em particular quando as populações ouvem o responsável do governo a criticar a sua própria política de saúde e a afirmar a sua própria incapacidade para identificar e diagnosticar os problemas do sistema de saúde e para os solucionar.
Em contrapartida, a campanha eleitoral no PSD poderá ajudar a inverter a actual tendência de alheamento popular relativamente ao papel central dos partidos no desenvolvimento da democracia em Portugal.
Revelado por insistentes declarações públicas de teor ostensivamente anti partidos e estranhas intenções de criação de novos partidos, este súbito interesse pela actividade política activa organizada não tem causa na falência do sistema de partidos e, muito menos, numa vontade colectiva, espontaneamente emergente da sociedade, de mudança do modelo político constitucional.
Do que se trata é de um ousado avanço no combate contra o sistema partidário que, a vingar, preparará a extinção dos partidos e centralização da vida política em movimentos mais ou menos fechados e secretos, ou em núcleos de agregação de interesses de grupo ou até, meramente individuais.
Esta ofensiva anti partidos tem origens remotas no meloantunismo, no eanismo e no cavaquismo emergente nos finais do segundo governo de maioria absoluta do PSD, ostensivamente declarada pelo próprio Cavaco Silva quando se manifestou «enojado» pelos partidos e, com apoios individuais em que sobressaía Manuela Ferreira Leite, iniciou o seu combate pela desagregação do seu próprio partido.
Em comum, todas estas correntes se distiguiram pela forma habilidosa como tentaram ou se aproveitaram do prestígio e capacidade de organização e mobilização dos partidos para, mal alcançado o poder, os deitarem fora como degenerescências monstruosas «empestadas».
Nas últimas eleições presidenciais, Cavaco Silva limitou-se a materializar esse sentimento aproveitando do PSD tudo e apenas quanto lhe convinha.
Mas a grande ofensiva anti partidos, com uso criterioso da condição de personalidade de referência do PS, foi protagonizada por Manuel Alegre.
Talvez nostálgico do seu passado de frentista patriótico sem partido e contra os partidos, o conhecido militante e dirigente socialista rodeou-se de um núcleo de desiludidos e outras gentes sem partido e antipartidos, abriu guerra sem quartel ao seu partido e só não desmantelou completamente o PS, tradicionalmente fragmentado em facções conflituantes e sem defesas doutrinárias internas consistentes, porque o PS estava protegido pela titularidade do poder político.
Da direita, que tradicionalmente é antipartidos, são mais discretas as movimentações mas não serão de menosprezar as intervenções públicas, a título de comentaristas políticos, de Maria José Nogueira Pinto e Pedro Ferraz da Costa, a primeira uma dissidente de partido que não conseguiu infiltrar-se num outro partido e, o outro, activista contra os partidos em círculos empresariais.
Estes anunciados novos movimentos ou prováveis novos partidos, que sentem as vulnerabilidades conjunturais do sistema de partidos fundadas, em especial, na falência da governação socialista e no baixo nível intelectual, cultural e técnico do Primeiro Ministro, julgam chegada a sua oportunidade de acabar de vez com os partidos.
Apresentando-se como regeneradores não passam de efémeras expressões antipartidos.
Mais uma vez, os profetas da desgraça e próceres do anti partidarismo erram os cálculos e nem sequer percebem que as recentes vitórias da direita na Europa assentam na consolidação dos partidos e não em hipotética tendência social antipartidos.
Não deixam, todavia, de ser perigosos para a preservação da democracia política.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Eu quero um PSD de sangue vermelho

Eu não quero um PSD que José Miguel Júdice julgue «não boçal».
Eu não quero um PSD amaneirado, reluzente de cosmética, de fala fina, compostura no gesto e olhar vazio a fixar um horizonte indefinido.

Eu não quero um PSD emprenhado das «ideias» do Pacheco e que António Barreto diga que é «urbano» e «civilizado».
Eu não quero um PSD curvado às conveniências, vencido pelo preconceito do «parece mal» e que chame às «coisas» nome diferente do que elas têm.
Eu quero um PSD que grite quando tem raiva e que não vergue quando tem razão.
Eu quero um PSD de mãos tisnadas de óleo, cimento e tinta de água e da ferrugem.
Eu quero um PSD de ganga, fato de macaco, mão grossa e calejada do martelo, picareta e da enxada, cabelo desgrenhado pelo tractor sem tecto e pele seca a pingar suor.
Eu quero um PSD de olhos estragados de tanta leitura, dedos tortos de tanto atormentar a caneta e que assuste o computador.
Eu quero um PSD de voz grossa que diga «Porra» em vez de «Chiça».
Eu quero um PSD que os José’s Migueis Júdice’s julguem «Boçal» e que erice os cabelos aos Sócrates, Pachecos e Aguiar Brancos que se passeiam por aí, empalhados em basófias, arrogâncias e outras encenações.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Coitado! Ele tem problemas ...


O ministro Santos Silva disse que o PSD é «troca-tintas».
Para ministro de um governo chefiado por Sócrates, até se compreende a linguagem.
Para o coitado do Santos Silva é que a «coisa» não correu nada bem.
É que, de cada vez que ele abre a boca contra o PSD, o PS perde votos e o partido de Menezes ganha eleitores.
Será que ele pensa que as pessoas se esqueceram da «certeza» com que o pobre coitado afiançava que Cavaco Silva ia fazer um golpe de Estado se ganhasse as eleições?
Tanta certeza, tanta certeza e ... nada!
Porque será que as «coisas» são sempre o contrário daquilo que o ministro Santos Silva diz que são?

quinta-feira, 27 de março de 2008

E eu que andava danado ...

Depois do «golpe» de um por cento no IVA desferido pelo génio e determinação do humilde e bondoso governante Sócrates perdi as estribeiras de tanta excitação e já reservei uma bica e uma sandes de presunto para comprar em Julho.
... Eu não quero perder a baixa dos preços que aí vem!
E eu, ingrato pensionista aposentado, que andava danado por todos os anos o meu rendimento líquido baixar?!
Que Deus guarde o nosso benfeitor Sócrates - mas que o guarde tão bem que mais ninguém lhe ponha o olho em cima!

terça-feira, 25 de março de 2008

Não vão chegar as cadeias ...

Os pais de hoje foram as cobaias de sucessivas experiências pedagógicas desenvolvidas por governos socialistas ainda nos anos setenta.
Cresceram em ambiente de intensa instabilidade social e não tiveram tempo para assimilar os valores da autoridade, disciplina e respeito por si próprios, tão indispensáveis à formação individual e à organização de qualquer sociedade. E se não os assimilaram, naturalmente, não os praticam e muito menos os transmitem.
É por isso que, sendo lamentável e preocupante, não espanta, a propósito das degradantes cenas do telemóvel da adolescente do Porto sem um mínimo de educação, ouvir dizer que compete “aos pais decidir se os seus filhos devem ou não manter os telemóveis ligados na sala de aula por causa de qualquer emergência”.
Ou escutar uma professora dirigente de uma associação de docentes a afirmar que a sua colega era uma profissional fragilizada perante aquela turma.
Ou ver uma ministra da Educação a fingir que não é nada com ela e a insistir em comentar as criticas dos partidos da oposição em vez de, publica e energicamente, «pedagogicamente» empunhar a autoridade do Estado e as políticas do Estado para conter a violência e a indisciplina no sistema educativo.
Com tal desprezo pela orientação do constrangimento social e com tamanhos apelos aos instintos primários vão, certamente, sobrar estatísticas actuais de muitos sucessos escolares mas, no futuro próximo, não chegarão os subsídios para tanto inadaptado nem as polícias ou as prisões para tantos marginais …
A não ser que se mude de rumo – e muito rapidamente!

sexta-feira, 14 de março de 2008

A crise fantástica no mundo da pobreza de espírito

A história dos nossos partidos tem sido feita de ruidosas ondas de perturbação que os respectivos adversários em cada momento relevaram como a mais grave crise de sempre. Em certos casos, chegou mesmo a vaticinar-se a sua morte lenta.
No PS, desde Manuel Serra a Aires Rodrigues, Lopes Cardoso e António Barreto passando por Salgado Zenha, Rui Mateus, Sousa Tavares e Medeiros Ferreira, entre muitos outros, quantas e quão tamanhas foram as crises que lhe ameaçaram a identidade originária?
Não são mera retórica de conveniência e, muito menos, ficção política o velho sonho de maioria de esquerda com o PCP ou as pragmáticas coligações de governo, primeiro com o CDS e, depois, com o PSD, nem a supremacia interna de grupos esquerdistas liderados pelo ex-MES Jorge Sampaio ou dos católicos direitistas de Guterres, o exílio em Nafarros de Mário Soares, o esvaziamento com a criação do PRD, o desmembramento em dois nas últimas eleições presidenciais e o actual confronto entre os nostálgicos do soarismo, os puristas de Manuel Alegre e os anti-socialistas de Sócrates, sempre com os guterristas infiltrados em uns e outros mas vigilantes e à espera da melhor oportunidade.
E o CDS?
Não perdeu, para os senhores da opinião comentada, a sua identidade com a morte de Adelino Amaro da Costa, a fuga de Freitas do Amaral, a morte de Lucas Pires e o abandono de Adriano Moreira ou a aventura de Manuel Monteiro, a inércia de Ribeiro e Castro e cavalgada de Paulo Portas ou a transferência de Maria José Nogueira Pinto para os palcos das conveniências?
E o PCP?
Quem ousaria apostar na sua sobrevivência ao decesso do comunismo?
E quanto ao PSD?
Quantos não o viram desmembrado e transformado em pequenas sensibilidades dos outros partidos, depois das dissidências de Emídio Guerreiro, Sá Borges, Mota Pinto, Magalhães Mota, Cunha Leal e Sousa Franco, Helena Roseta, Loureiro Borges! Ou depois do sonho de Pinto Balsemão que chegou a lutar pela integração do partido no PS de Mário Soares e a conversão de ambos num grande partido social democrata! Ou depois das crises de Rui Machete, João Salgueiro, Menéres Pimentel! Mas, e sobretudo, quem se atrevia a garantir a subsistência do PSD após a morte de Francisco Sá Carneiro?
Caminhos de crises sucessivas, juras de extinção, elaborações profundas mas, sempre, rotundos falhanços na manipulação de consciências, erros grosseiros na avaliação dos factos e desastrosa previsão das consequências.
E os partidos aí estão, menos tisnados e barbudos ou mais desbotados, precisamente onde sempre estiveram, no mesmo local, a ocupar o exacto espaço que escolheram no momento da sua fundação.
Repete-se, hoje, com o PSD a história de sempre.
Crise no PSD?
Só porque os militantes passam a pagar quotas nas secções?
Por causa de um qualquer azul de fundo que realça o laranja oficial e permanente?
E porque um grupo de antigos secretários-gerais e candidatos actuais a barões escreveu uma carta, dirigida à direcção nacional mas endereçada à comunicação social?
E porque a direcção nacional respondeu à letra?
Como é triste a pobreza de espírito de tantos jornalistas e comentaristas, completamente vulneráveis e à mercê de qualquer ideia estranha ou estratégia alheia!
Como é lamentável assistir a tanta frustração acumulada nas hostes políticas que, por vontade própria, abandonaram a linha da frente para se refugiarem no conforto da retaguarda!
Crise?!
Mas isto será mesmo crise ou é crise inventada por um aparelho de contra-propaganda em pânico perante o vazio de resultados que torna deplorável a celebração do terceiro aniversário do governo de Sócrates?

segunda-feira, 10 de março de 2008

Santos Silva: o velho combatente de todos os líderes

Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares, foi a Chaves na véspera da manifestação dos professores e acusou manifestantes anti-governo de "nem sequer saberem distinguir entre Salazar e os democratas" e de nem terem "lutado contra o fascismo".

Santos Silva é um homem de muitas «provas dadas» na vivência do salazarismo e no combate político nos tempos em que ele doía e era a sério.
Quando Salazar morreu, Santos Silva tinha cerca de cinco anos e, na eclosão do 25 de Abril de 1974, era um jovem adolescente de 18 anos.
Ele é, de facto, o exemplo do veterano combatente na luta antifascista e, certamente, o inimigo que Salazar mais temia.

O ministro Santos Silva aderiu ao PS em 1990.
Foi, certamente, o companheiro mais aguerrido de Mário Soares, Salgado Zenha e Manuel Alegre na luta titânica pela liberdade nos anos de 1974 e 1975.
E haverá mesmo quem diga que Álvaro Cunhal tremia só de ouvir o seu nome …

Mas Santos Silva, o famoso combatente socialista dos velhos tempos em que a liberdade estava ameaçada, é a imagem da coerência política, inabalável convicção de valores e da fidelidade sem condições ao líder.
Na liderança de Guterres, destacou-se nos círculos apoiantes e como seu Ministro da Educação e Cultura.
Caído António Guterres em desgraça e na desgraça, Santos Silva investe todas as suas energias na candidatura à liderança do PS protagonizada por Manuel Alegre, o socialista mais crítico de Guterres.
Manuel Alegre saiu derrotado e foi atirado para a prateleira dos desprezados do PS.
Mas Santos Silva não perde tempo com minudências e rapidamente aparece ao lado do antigo adversário de Alegre, José Sócrates, e como o seu mais fiel seguidor, como o seu ministro de eleição, como a sua voz.
Na últimas eleições presidenciais, lá está ele de novo na linha da frente mas, desta vez, da candidatura de Mário Soares contra Manuel Alegre. Ele foi incansável no apoio militante a Mário Soares, o homem que Guterres havia atirado para Nafarros e que Manuel Alegre queria ver no museu de adereços do PS.

O ministro Santos Silva não é uma ficção.
Ele existe, está sempre presente e é, na verdade, o homem dos grandes combates do momento, o homem que serve todos os líderes e que todos os líderes disputam!
Ele é a permanência do Poder.
E será por isso que Cavaco Silva ainda não se atreveu a fazer o seu Golpe de Estado, o tal que Santos Silva descobriu a tempo e em boa hora travou.
... e, mais uma vez, lá ficou a descuidada Nação a dever-lhe a vitória da liberdade sobre este novo fascismo, manhoso e de cara lavada!

Homens de tamanha envergadura nunca param.
Vamos esperar e ver qual é o próximo líder que o ganha para as suas hostes …

domingo, 9 de março de 2008

À SOMBRA DA BANANEIRA - UM PASSEIO PELO PASSADO - IIIUMA QUESTÃO DE CREDIBILIDADE
Augusto Santos Silva já era ministro no tempo das últimas eleições presidenciais.
Já tinha especiais responsabilidades de Estado mas é tão insuficiente que nunca de tal se apercebeu.
A sua especialidade é a análise de pessoas e o ataque pessoal.
Coitado – como diria o outro, cada um é como é e a mais não é obrigado.

Escrevia assim o DN de 16/01/06
«Augusto Santos Silva foi a Vila Real lançar o mais duro ataque de um governante a Cavaco Silva, associando a sua eventual eleição a uma tentativa de "golpe de Estado constitucional"» (…)
«(…) O ministro dos Assuntos Parlamentares (…) deixou o aviso: "O que está em causa no domingo é eleição de um Presidente que obedece à Constituição, não é uma tentativa de fazer o que seria um verdadeiro golpe de Estado constitucional." (…)»
« (…) Augusto Santos Silva (referindo-se a Cavaco Silva): "Se a sua ambição é ser treinador, então, que se dedique ao futebol e não à Presidência da República. (...) Não precisamos cá de treinadores." (…)»
«(…) O Ministro Santos Silva, referindo-se a Cavaco Silva: "Quem fala assim, quem nas poucas coisas que diz comete estes deslizes tão óbvios, tão graves, não pode ser PR" (…)»

Noticiava a “TSF” em 16/01/06
«Santos Silva alerta para possível «golpe de Estado constitucional»
O ministro dos Assuntos Parlamentares entende que poderá haver uma tentativa de golpe de Estado constitucional» caso Cavaco Silva seja Presidente da República. Ao lado de Mário Soares, Santos Silva disse que Cavaco não percebe quais os poderes do chefe de Estado».


Segundo a SIC em 15/01/06
«Augusto Santos Silva dramatiza possível eleição de Cavaco
Dirigente socialista adverte para "uma tentativa de golpe de Estado constitucional"
O dirigente socialista Augusto Santos Silva dramatizou, este Domingo, a possível eleição de Cavaco Silva para a Presidência da República no próximo domingo, advertindo para "uma tentativa de golpe de Estado constitucional"».

sexta-feira, 7 de março de 2008

À SOMBRA DA BANANEIRA ... UM PASSEIO PELO PASSADO-II

Escrevia assim, em 2000, o jornalista e advogado António Marinho, hoje o Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto:

“ (…) A primeira ideia que se agiganta sobre Mário Soares é que é um homem que não tem princípios mas sim fins.
Tentou negociar com Marcelo Caetano uma legalização do seu (e seus amigos) agrupamento político, num gesto que mais não significava do que uma imensa traição a toda a oposição.
Já depois do 25 de Abril, assumiu-se como o homem dos americanos e da CIA em Portugal e na própria Internacional Socialista.
Durante a revolução portuguesa andou a gritar nas ruas do país a palavra de ordem «Partido Socialista, Partido Marxista», mas mal se apanhou no poder meteu o socialismo na gaveta e nunca mais o tirou de lá.
Os seus governos notabilizaram-se por três coisas: políticas abertamente de direita, a facilidade com que certos empresários ganhavam dinheiro e essa inovação da austeridade soarista (versão bloco central) que foram os salários em atraso.
Soares é arrogante, pesporrento e malcriado.
Soares é um homem de ódios pessoais sem limites, os quais sempre colocou acima dos interesses políticos do partido e do próprio país (...)".
Sócrates apoiou Mário Soares nas eleições presidenciais.
Será tudo uma questão de «cultura» ou é simples afinidade «genética»?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

À SOMBRA DA BANANEIRA ... UM PASSEIO PELO PASSADO
Escrevia assim, em 2000, o jornalista e advogado António Marinho, hoje o Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto:
" (...) Sei que Mário Soares não é nenhuma virgem e que o país (apesar de tudo) não é nenhum bordel. Sei também que não gosto mesmo nada de Mário Soares e do filho João Soares, os quais se têm vindo a comportar politicamente como uma espécie de versão portuguesa da antiga dupla haitiana «Papa Doc» e«Baby Doc»(...)"
"( ...) Anos mais tarde, um senhor que fora ministro de um governo chefiado por Mário Soares, Rosado Correia, vinha de Macau para Portugal com uma mala com dezenas de milhares de contos. A proveniência do dinheiro era tão pouco limpa que um membro do governo de Macau, António Vitorino, foi a correr ao aeroporto tirar-lhe a mala à última hora (...)"
"(...) A pretexto de uns papéis pessoais cujo valor histórico ou cultural nunca ninguém sindicou, Soares decidiu fazer uma Fundação com o seu nome. Nada de mal se o fizesse com dinheiro seu, como seria normal. Mas não ; acabou por fazê-la com dinheiros públicos. Só o governo, de uma só vez deu-lhe 500 mil contos e a Câmara de Lisboa, presidida pelo seu filho, deu-lhe um prédio no valor de centenas de milhares de contos (...)"
(in BolsaTotal.com)

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Afinal, Qual Deles É O Verdadeiro?


Dizia à “Lusa” e segundo o “Sol” o ex-presidente do PS da Madeira, José António Cardoso:
O modelo de José Sócrates tem contribuído para termos hoje «uma sociedade portuguesa numa crise depressiva porque o Estado está a exibir o troféu do aumento das receitas públicas indo aos bolsos dos cidadãos», esquecendo os valores estruturantes do pensamento de esquerda, baseado na pessoa humana;

E quanto ao governo, criticava o «descaramento involuntário com que alguns governantes vêm a público dar conta da evolução das contas públicas», a justiça fiscal que não salvaguarda os direitos básicos dos cidadãos e está a rebentar com as estruturas familiares, colocando-as em situações de falência.

E concluía, ainda a propósito de Sócrates e do governo: «A pretexto que isto é melhor para o pais esqueceu-se de interrogar o que é melhor para as pessoas».

Não é novidade o que nos diz o ex-dirigente socialista.
Novidade é o desassombro com que faz tais afirmações e a expressão pública, que delas resulta, do mal estar que divide uma «família socialista» notória e irreversivelmente desavinda.
O PS está sem rumo e sem liderança, as fracções sentem a ameaça do esvaziamento do partido e os próprios militantes perderam o entusiasmo e o medo.
Sócrates anda em frenesim a vascular os seus arquivos dos últimos três anos para exibir a sua hipotética feição de esquerda.
Mas vem tarde, muito tarde porque já não convence ninguém … já ninguém acredita nem em feições nem em nada.
E se Sócrates aterrorizou e desmantelou a velha sociedade portuguesa com a sua arrogância, autoritarismo, incompetência e insuficiência intelectual e cultural, a nova versão da sua personalidade já o estabeleceu nos domínios do ridículo.
Se antes tínhamos um primeiro ministro inculto e incapaz de compreender o sentido e alcance do conceito «governação», a versão que agora se mostra é a de uma marioneta sem alma e incipiente que berra qualidades que toda a gente vê que não tem nem nunca teve.
Perplexo, o povo regista e acrescenta o anedotário nacional mas os socialistas preocupam-se cada vez mais, pois conhecem a aversão popular às súbitas transmutações de personalidade, às mudanças de carácter, às variações de comportamento social.

Em regra, o povo não se queixa ruidosamente de ser enganado – mas não gosta de o ser, não esquece e reage e vinga-se, à sua maneira, na melhor ocasião ou na maré apropriada.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O Ministro que não vê ... nem quer ver!




Afinal não é só Sócrates que não anda neste nosso triste e enfadonho mundinho.

Ou melhor: porque Sócrates decidiu sonambular no paraíso virtual, os ministros não se ficaram e entraram em transe.


Então Vieira da Silva tornou-se mesmo um autêntico extraterrestre.

A Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES) alertou para um "mal-estar" na sociedade portuguesa que, a manter-se, poderá originar uma "crise social de contornos difíceis de prever", noticia o “Jornal de Negócios”.
Desacordado por este choque que toda a gente já sentiu, o Ministro do Trabalho e da Solidariedade, Vieira da Silva reagiu e disse ao mesmo jornal económico: "não conheço quais as razões, os estudos ou indicadores sociais que permitam uma afirmação com esse dramatismo".
Pois é.
É precisamente este o problema mais grave que a própria crise geral: o ministro não conhece, não sabe, não viu, não vê nem quer ver.
O seu mundo é outro.
É o Paraíso da propaganda, da outra galáxia.

A esperança de todos nós, os terrenos, é que a propaganda já só excita os «zombies» do mundo virtual.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sócrates é mesmo SOCIALISTA ... com os velhotes!

São insondáveis os desígnios do socialista Sócrates e seus pares.
Como gestores são inultrapassáveis no brilho, argúcia e na manha com que fintam as pessoas.
Especialmente os velhotes.
Casal amigo, ambos há muito aposentados, teve a maior surpresa ao verificar o valor das pensões que hoje lhe foram pagas.
A mulher viu-se aumentada em cerca de trinta euros.
O marido viu-se reduzido em cerca de trinta euros.
Ah! Ah! Ah!
Boa malha, sem dúvida. De mestre!
O Estado socialista de Sócrates «transferiu» do marido para a mulher ... não acrescentou nada, bem pelo contrário.
Assim se respeita o trabalho, se faz a justiça social, se actualizam as pensões dos aposentados!
E ainda dizem que ELES não são socialistas?!
Então Manuel Alegre, então soaristas - seriam capazes de semelhante proeza pró igualitarista nas vossas tão proclamadas «políticas verdadeiramente sociais e socialistas»?
Bom, o tempo é de «comer e calar».
Votem neles, continuem a votar neles!
Mas, já agora, aceitem uma sugestão de quem se «lixa» todos os anos: deixem-se dessas tretas de assumir riscos e responsabilidades, não estudem nem evoluam na profissão, não acreditem que um dia gozarão na medida do que agora descontam para a reforma; acabem com os sacrifícios próprios e familiares, recusem progressões na carreira - façam o mínimo, vão ao cinema e ao casino, valorem o horário da saída e mandem às malvas o serviço e aproveitem ao máximo todas baldas!
É que, no fim de tudo, há sempre um socialista a nivelar todos por baixo, bons e medíocres, empenhados e indiferentes, sacrificados e eternos veraneantes.
Ainda não passou um ano de socialismo socratiano sem que a minha pensão não tenha baixado.
Se tenho o azar de viver mais algum tempo ... ainda acabo a pagar para ser reformado!
É o socialismo, paciência!
Resta-me a consciência tranquila de quem não tem qualquer responsabilidade nas escolhas políticas que deram nesta enorme farsa que é a governação em Portugal.
... E também a pequena «vingança de velhote» que é a «alegria» de saber que quem se quis deixar enganar está tão «lixado» como eu!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

E o novo Sócrates dizimá-los-à ... !

Sócrates já cita poetas e invoca a profundidade filosófica do pensamento poético a propósito da construção de túneis ferroviários.
Aconteceu agora no Rossio.
De uma cajadada só, ou de uma paulada só - como diriam com mais propriedade os clássicos da literatura na transição do século XIX para o século XX – Manuel Alegre perdeu, assim de repente a exclusividade no PS da expressão da cultura nacional, da compreensão e extensão da visão histórica da sociedade e do mundo.
Desenganem-se, pois, esses conspiradores de tertúlia que julgavam tomar o PS pela inspiração lírica, elaboração da razão da História e pela elegância da pena: Sócrates é um intelectual e transpira gotas de cultura!
Manuel Alegre terá de mudar de campo e ofício e, quiçá, começar a recitar o belo da relação areias/cimento/ferro no betão armado em projectos técnicos de construção civil.
Não vão acabar aqui as surpresas do novo Sócrates.
Ainda virá o anúncio de uma sua eventual palestra, em conferência com o alto patrocínio da Organização dos Países do Terceiro Mundo, subordinada a temas como “Arafat na encruzilhada da dicotomia Norte/Sul” ou “O aquecimento do planeta na crise do estorninho da África sub-sahareana” – e quero ver com se safam os soaristas.
E que espaço conspirativo restará no PS aos fieis do guterrismo quando Sócrates deixar que se registe e divulgue uma sua homilia, na capela do Rato, acerca de “A crise de vocações e a solidão obscurantista na cidade grande”?
E duvida-se mesmo que os sampaistas resistam quando lerem o texto da lição de sapiência do novo Sócrates aos discentes finalistas de teologia da Universidade Católica, na cerimónia de atribuição do grau de «doutor honoris causa», subordinada ao tema “A dialéctica marxista do liberalismo na formação do preço”!
Enfim, o novo Sócrates vai mostrar-se, em toda a sua plenitude ideológica, intelectual e científica.
As «revelações» ainda agora começaram, e muito significativamente pela poesia, mas estão prestes a ser dizimadas as múltiplas correntes de opinião ou as diferenciadas fracções e o PS há-de ser um só, com um só líder, uma só doutrina … um lobbie só.
Então sim: não subsistirá maldoso descrente nem faltará fontanário em cada aldeia, vila ou cidade.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Ministra da Educação «nas tintas» para Tribunal?

A comunicação, às vezes, é difícil e, quando se trata de reacções do governo a reclamações, complica-se tudo.
Não consigo perceber porque é que a ministra da Educação se sente no direito de não cumprir uma decisão de um Tribunal.
Aparentemente, um sindicato de Professores interpôs, no tribunal competente, um procedimento cautelar contra o ministério da Educação requerendo a suspensão do diploma que estabelece o regime de avaliação dos professores.
O tribunal terá decidido e decretado a providência requerida.
Tanto quanto se percebe, a ministra da Educação manifestou publicamente a intenção e vontade de desobedecer ao Tribunal, declarando que não vai cumprir esta decisão judicial.
Julgava-se que uma decisão desta natureza tinha força vinculativa geral e tornava-se efectiva imediatamente, sem prejuízo do regular prosseguimento do procedimento cautelar, designadamente assegurando-se os direitos de oposição, pela contestação ou recurso.
E parecia que esta decisão do juiz de direito, que a todos obrigaria apesar da sua natureza provisória, só por nova decisão judicial poderia ser modificada ou revogada, até à sua posterior extinção por sentença transitada em julgado, proferida por juiz de direito, na acção principal necessária, a correr separadamente e independentemente do procedimento cautelar.
Simplificando: alguém diz ao tribunal que tem um direito e que esse direito está ameaçado de lesão grave pela conduta de terceiro; pede ao juiz que imediatamente ordene a suspensão daquela conduta de modo a prevenir a concretização dessa ameaça.
Este é o procedimento cautelar e a decisão é uma providência de garantia do direito invocado.
Porém, quem invoca o direito fica obrigado a interpor uma outra acção, a tal acção principal, que em nada prejudica a eficácia da decisão provisória e onde o tribunal vai decidir de fundo e em definitivo, isto é, declarar a existência (ou não) e extensão desse direito, condenando (ou não) os terceiros ao cumprimento da obrigação de respeitar o mesmo direito.
Após e só após esta decisão definitiva, a providência, que é provisória, extingue-se, naturalmente, cedendo à decisão definitiva.
Enfim, já nada espanta neste mundo virtual e ora humildemente arrogante inventado por Sócrates.
Será seguramente interessante estarmos atentos aos novos episódios, quem sabe se com condimentos de natureza criminal, de mais esta novela do «diz que disse mas não disse», de desnorte e falta de liderança ou, talvez e apenas, de «excesso de equívocos de comunicação»

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Afinal, o que aconteceu em Timor?

Timor está demasiado longe, sob todos os pontos de vista. A informação que chega é imprecisa, às vezes contraditória e quase sempre confusa.
Notam-se sombras na descrição das situações, omissões, silêncios estranhos e uma enorme tentação de imputar factos a revoltosos que, curiosamente, antes dos acontecimentos, eram apoiados pelos representantes da soberania, as actuais duas vítimas principais, com quem mantinham contactos regulares.
Apesar de todas as aparências que chegam lá de longe, certo parece ser que o major Reinado não era perseguido pelas forças militares formais e afirmava-se, sem contraditório, o garante da ordem pública, o inimigo da imensa milícia informal e clandestina que, razoavelmente armada, povoa o território.
E não menos certo é que a Fretilin, de origens comunistas e organizada segundo o modelo pró soviético, não soube adaptar-se aos tempos e partiu-se em fracções de variadas lideranças.
Não sei porquê, mas sobem-me à memória velhos tempos, velhos golpes e contra golpes, velhas conspirações do famigerado processo revolucionário em curso.
A certa altura, havia em Portugal um grupo de militares, de vocação guerreira e grande coragem. Estavam comprometidos com a revolução democrática e eram chefiados pelo general Spínola.
Do lado oposto, havia uma tropa «fandanga», com muitas milícias à sua volta, que alinhava pelos padrões revolucionários que a União Soviética espalhara e tentara impor em todos os continentes, para travar a chamada democracia burguesa e implantar em Portugal uma plataforma comunista de infiltração no Ocidente e, em particular, em África. A liderança cabia ao PCP.
Eram incompatíveis os modelos e algum teria de ser eliminado.
E, de repente, as forças defensoras da democracia e do poder legitimado, em clima de nebulosos rumores, informação contraditória e imperceptível contra-informação, foram convocadas, não se sabe por quem, para se juntarem e combaterem o «golpe» ou a «matança» que estaria iminente.
Pegaram em armas, tomaram a ofensiva para defender a ameaçada democracia e acabaram «pendurados» porque nada se passava.
Era tudo, afinal, uma armadilha, bem montada, com televisão em directo.
E quem pretendia a estabilidade política e social lá ficou «decepado», com a fama de «os agressores», uns presos outros fugidos em Espanha. E a revolução comunista, libertada daqueles «impecilhos contra revolucionários e fascistas», iniciou a progressão de «avanços revolucionários» de cujas consequências ainda estamos longe de nos safar.
E a minha dúvida é só esta: se tudo estava bem encaminhado, quem convocou (e para defender o quê) o major Reinado? Quem ganha com o desaparecimento de Reinado, a inutilização de Ramos Horta e o isolamento de Xanana Gusmão?

sábado, 9 de fevereiro de 2008

A Justiça caiu na Rua!

É, hoje, absolutamente impossível confiar na Justiça por mais respeito que mereçam as suas instituições.
O panorama não é famoso e todos os dias é ilustrado por novos factos.
Magistrados contra magistrados, polícias contra polícias, magistrados contra polícias e polícias contra magistrados, os juízes de direito constrangidos em associações de natureza profissional, advogados contra advogados, a Ordem dos Advogados empenhada no ataque político com feição marcadamente partidária, um misterioso ministro da Justiça contra magistrados, funcionários e advogados mas a proteger comportamentos ilegais e ilegítimos geradores de confusão de competências e da violação das mais elementares regras éticas de conduta, um aparelho administrativo paralisado, legislação inaplicável e um Tribunal Constitucional em marcha sinuosa de avanços e recuos.
No topo, um primeiro ministro atrabiliariamente sempre em festa mas notoriamente ausente dos pilares do Estado de direito, incapaz e sem autoridade, uma Assembleia da República entretida com «jogos florais» e um Presidente da República hesitante, a esbater a sua impotência com meias palavras ou palavras de significação enigmática ou contraditória.
Não há memória de tamanha e tão generalizada instabilidade no sistema de Justiça.
A Justiça esboroa-se no meio da rua … lado a lado com uma maioria política moribunda e um governo sem liderança e inseguro, esquartejado por interesses concorrentes de poderosos grupos rivais.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ministro da Justiça precisa de instabilidade!

Às vezes, a imagem é tudo.
O ministro da Justiça foi ao sótão poeirento rebuscar uma imagem típica dos velhos tempos do século passado.
Movimentos pesados, gestos lentos, olhar abstracto parado num horizonte indefinido, lábios cerrados, expressão sem expressão, frases curtas e enigmáticas.
Ele quer mostrar-se o homem misterioso, o guardião da informação, o tal que sabe tudo o que ninguém mais conhece, o poder dentro do Poder.
Naqueles tempos, ele seria certamente o capataz que oferece a ponta dos dedos em disfarce de aperto de mão, o chefe de secção temido ou o primeiro sargento que mexe os cordelinhos, o regedor de vilória que «safa» as coisas ou simplesmente o perigoso «tartufo» de «conhecimentos» e «influências» lá em cima, nas altas esferas.
A sua arma era a frase sibilina ou o murmúrio que dizia o tudo e o nada e o seu poder emergia do mistério, do desconhecido, da suspeição, do imponderável.
Mas os tempos mudaram e, hoje, aquelas poses seráficas já não enganam e, muito menos intimidam, quem quer que seja.
A informação circula e toda a gente sabe, ou julga saber, onde está e quem é o poder que interessa.
É por isso que o ministro da Justiça não passa de mera figura ridícula quando, confrontado com a gravidade de um comportamento ilegal, anti ético e demolidor de dois pilares da Justiça protagonizado pelo director nacional da PJ, vem dizer que a sua inacção representa a sua acção.
Não cria mistério algum nem sugere autoridade.
Bem pelo contrário: aparentemente, o que ele veio declarar foi a pequenez da sua posição em grupo de fraternos amigos, a sua impotência perante o estranho poder do director nacional da Polícia Judiciária, a sua incapacidade para impôr à alta administração o cumprimento de regras de conduta que dignifiquem o Estado de Direito.
… Mas, porventura, ele veio insinuar muito pior que isso: talvez ele próprio tenha montado o «esquema» de sombras e penumbras, a aliança perfeita para abafar a fervura dos polícias mais inconformados, para docilizar os magistrados do Ministério Público e para conter a consciência de independência dos juízes de direito.
A ser assim, o ministro da Justiça, ao fim e ao cabo, apenas segue o seu caminho, paulatinamente e com a maior discrição.
Não lhe importam os escândalos, que sabe são sempre precários.
É que ele precisa da instabilidade das instituições do sistema de Justiça … para REINAR à sua vontade.
Ele quer sobreviver ao terramoto que se organiza no seu PS e nas adjacentes tertúlias concorrentes de irmãos desavindos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Estamos Mesmo Condenados a Isto?

Que «raio» de vida esta!
O bastonário dos advogados queixa-se da «política», dos políticos, da vida;
Os magistrados, os políticos e o responsável pela ética na Ordem dos Advogados queixam-se do bastonário;
O director máximo da Polícia Judiciária, que é magistrado, queixa-se dos polícias e dos magistrados;
Os magistrados, os polícias e toda a gente queixam-se do director da polícia;
O responsável máximo do Observatório da Segurança, que é general, queixa-se dos governos, dos homens, da vida, do Estado, do Mundo;
O Presidente da República queixa-se de quem ganha muito dinheiro;
Os pobres queixam-se dos ricos e de quem se queixa dos ricos;
Todos nós, desgraçados mortais, queixamo-nos da falta de segurança e da falta de dinheiro;
Os socialistas queixam-se de Sócrates, do Alberto João Jardim e do Menezes;
Sócrates queixa-se do Durão e do Santana, dos jornalistas que querem saber tudo, do povo, da oposição, dos azares da vida e dos outros socialistas, dos maldosos;
Os ministros queixam-se dos autarcas, da conjuntura internacional, da inflação e do dólar;
O George da saúde queixa-se dos fumadores e dos casinos;
Os empresários queixam-se da inflação, das leis e dos sindicatos, do petróleo e do dólar, do Busch, do Putin e do Sarkozy;
E são tantas e tão altas as personalidades, tão altas responsabilidades, tão altos os poderes, tão altas cabeças … tanta gente a pedir colo e chucha!
Que «raio» de vida! – quando é que começam a «arregaçar» as mangas?
Não será tempo de se superar os traumas do passado, alguns mesmo da infância e muitos mais da adolescência, «agarrar as coisas» e vencer as frustrações individuais?
Será mesmo verdade que a «teta» está a secar e que «quem não chora não mama?
… Porque é que a gente não consegue governar-se com naturalidade, normalidade, cada um no seu lugar e sem queixinhas uns dos outros?

domingo, 3 de fevereiro de 2008

E Ninguém Cala o Homem!

O Director Nacional da Polícia Judiciária foi à comunicação social e comentou uma decisão jurisdicional legal, tomada num processo criminal ainda em fase de inquérito e em curso sob regime de segredo de justiça.
Em Inglatrra respirou-se de alívio.
Não se conhece qualquer reacção do órgão criticado publicamente.
De qualquer modo, é obra de monta … para um director da polícia de investigação criminal, ainda por cima magistrado de carreira!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Velhos Vícios, Novas Tentações ou Sempre o Mesmo!

«José Sócrates assinou numerosos projectos de edifícios na Guarda, ao longo da década de 80, cuja autoria os donos das obras garantem não ser dele» - informa o jornal “Público”.
E adianta que o primeiro-ministro, então engenheiro técnico da Câmara da Covilhã, assinava «peças manuscritas, nomeadamente memórias descritivas, termos de responsabilidade e cálculos de betão, em que a caligrafia usada nada tem a ver com a de José Sócrates».
Como prova complementar:
- um antigo presidente da Câmara da Guarda, o também socialista Abílio Curto disse em tempos que «o que sei é que nem todos os projectos seriam da autoria dele (Sócrates);
Quanto aos donos dessas obras,
- Aníbal Beirão nega que Sócrates «tenha tido alguma intervenção nas suas obras», e afirma: «tratei de tudo com o eng. Caldeira (da Câmara da Guarda) e foi a ele que paguei. Agora quem assinou não sei»;
- António Caldeira diz, referindo-se à sua obra: «isto não tem nada a ver com o Sócrates»;
- José Pereira Ramos identifica Cristóvão Pereira, um desenhador da câmara da Guarda, como autor do projecto da sua casa: «foi a ele que paguei. Ao Sócrates só o conheço da televisão»;
- Entre alguns engenheiros e arquitectos da Guarda, a versão que corre é a seguinte: «havia aí um grupo de técnicos da câmara (Guarda) que açambarcava uma boa parte dos projectos de casas dos emigrantes. Como não podiam assinar punham o Sócrates a fazê-lo, porque ele era da Covilhã e não tinha esse problema» de impedimento legal.

Estes favores são considerados eticamente reprováveis, fraude e, até, infracção disciplinar e actividade criminosa.
Pois é.
Velhas práticas, tentações permanentes!

Que bem prega Frei Tomás!

… E tudo isto ao mesmo tempo que Sócrates, a versão antiga, enchia o peito de determinação e jurava que nunca, que jamais aceitaria delapidar o património nacional para acumular «receitas extraordinárias».
Vender? Jamais!
Para Ele e eles só a política da verdade (Ah! Ah! Ah!), do rigor, da contenção das despesas e da guerra contra os desperdícios (como urgências e maternidades !?).
Afinal, conforme agora nos informa o “Correio da Manhã”, o maná foi grande e

«o Estado vendeu 289 imóveis de norte a sul do País entre 2005 e 2007, o que permitiu encher os cofres públicos com aproximadamente 350 milhões de euros, valores que ficaram abaixo das expectativas do Governo». (In Correio da Manhã)

Ai vida, como diria o outro.
Este Sócrates não resiste à tentação ... !
… piedosamente, está certo, em nome do rigor!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

O que é que está a acontecer no Reino da Humildade?

E pronto. Este já foi!
Sócrates, a nova versão Sócrates criada há quase um mês, jura que o ex-ministro da saúde é que pediu para se ir embora.
Mas porque carga de água é que, antes de ser despedido, o mesmo ex-ministro andou uma semana inteirinha, sem falhar um singelo dia, a correr para as televisões e a jurar que só estava a fazer a política do governo e que o seu compromisso era com o povo português e que era para ir até ao fim?
Sócrates diz que Correia de Campos se queria ir embora já no dia 2 de Janeiro.
Ora, ora … está bem, a gente finge que acredita, pronto.
De qualquer modo,
Tanto tempo para fazer as malas!?
… Ou Sócrates não resiste ao impulso para a … (?) ... confusão (???) das coisas?
… Ou pensa que somos todos parvos?
E já agora, por falar em verdades,
O ex-ministro sempre foi igual ao seu chefe e aos seus camaradas: arrogante, ignorante e prepotente.
É evidente que foi uma bênção o seu despedimento.
O problema é apenas um: porquê ele e só ele - mais aquela senhora de que nos tínhamos esquecido?
E porque é que Correia de Campos nunca ouviu tantos encómios como agora, vindos das facções (ou fracções) do PS, daquele PS amargurado, mais amargurado do que a oposição?
Dá a ideia de que estes amargurados começaram a levantar o vozeirão, e já demasiado perigosamente, para achar que, quem estava (ou está) mal na cadeira em que se senta, é o próprio Sócrates!
Ainda há poucos dias, com a eloquência, fina sensibilidade política e profundidade doutrinária habituais, vimos Sócrates a jurar que o seu governo era tanto, tanto à esquerda que até fazia impressão.
Pelos vistos, a reacção dos camaradas socialistas (os muitos e muito puros) terá sido qualquer coisa como «… hhummm, olha, olha, haverá sinceridade nisso»?
Será que a demissão do ex-ministro visa apenas adiar algum movimento socialista que se preparava para empurrar Sócrates para o «cantinho da saudade» dos líderes e primeiros ministros que já foram e, involuntariamente, deixaram de o ser?
É certo que as sondagens ajudaram as tertúlias das amarguras socialistas …
Mas, seja como for, essa rábula de que Correia de Campos caiu apenas por pressão da rua … não se enquadra lá muito bem, não está nada bem contada.
É que, por muito humilde que seja essa nova criatura do Sócrates,
… há coisas que não mudam, assim de repente, nos interiores da alma.
Se calhar, o homem está mas é «à rasca», lá dentro, junto dos seus, os tais camaradas que, afinal, talvez não sejam tão seus nem tão dóceis quanto ele pensava que eram!
Pois … se até o próprio Mário Soares chegou um dia a ser despachado do largo do Rato para Nafarros … !?
Tudo pode acontecer, com a maior discrição e tolerância intransigente, naquela casa fraterna, das mais diversas e cegas fidelidades e obediências, onde todos são solidários, como irmãos que tanto apertam as mãos como o pescoço uns aos outros …

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Eles Derremtem-me o Coração!

Estou cada vez mais impressionado.
Como Sócrates é tão compreensivo e afável para com os manifestantes que o insultam!
Já nem liga nada às polícias e tribunais!
Como ele é humilde, falador pelos cotovelos, bonacheirão de fino humor e simpático, todo ele um sorriso aberto, para com os jornalistas que o abordam!
Das duas, uma:
… Ou é do aquecimento global ou mudou de treinador … de marketing.
E a Fátima Campos Ferreira da Televisão do Estado?
Afinal, a senhora é uma ternurenta «apresentadora», isenta como ninguém e tão humilde e condescendente para com os convidados e, até, para com o próprio público!
… Será mudança de idade ou é caso de obediência à disciplina da moda?
A vida, assim, está a perder a graça.
Se não fossem rábulas como aquela de ontem, em que os socialistas dividem entre si o porto de Lisboa, morríamos todos de tédio!
Então não foi bonito ver os socialistas, uns do governo e outros da câmara de Lisboa, o Sócrates, o Lino e o Costa, todos fraternos num circo de luz e cor, sem aquelas maçadas burocráticas das leis, decretos ou portarias, a partilhar a área portuária, do género tu ficas com isto, tu toma lá aquilo e aquela coisa que sobra é para nós?
Não sei porquê, lembrei-me de Marcelo Rebelo de Sousa.
A quem é que terá de pedir licença para mergulhar no Tejo quando decidir voltar a mudar de vida?

domingo, 27 de janeiro de 2008

O Correia de Campos, o Nunes e o Macário

O ministro da saúde está definitivamente instalado na Televisão.
Não há dia em que não apareça nos écrans, sorriso aberto, sempre a dizer o mesmo, a explicar o inexplicável, com o fair play e um brilho de excelência (como diria o Crespo da SIC) de autêntico profissional.
E como ele é simpático!
Ainda agora jurou que nem pensar castigar os bombeiros por causa da total ausência de coordenação do seu sistema nacional de emergência médica.
O tal sistema que substitui a assistência médica que havia nos hospitais e SAP que ele encerrou …
Vimos todos que os bombeiros de Alijó e de Favaios nunca foram tidos nem achados pelo INEM ou pelo ministério para os novos esquemas de socorro.
É óbvio que deviam ir à bruxa, ver televisão ou ler os jornais para conhecer o seu papel em todo o novo esquema de que o único responsável é exactamente Correia de Campos.
Ser contactados pelo INEM ou pelo ministério, informação directa, protocolos?
Não queriam mais nada, pois não?!
A sorte deles é termos um ministro da saúde compreensivo, simpático, humilde!
Por falar em saúde,
O Inspector-Geral, o chefe máximo da ASAE, é, certamente, um grande polícia, um caçador implacável de ratos, baratas e fumadores.
Mas é mais.
Ele declarou guerra à língua portuguesa … e não vai ceder!
Ainda há dias extinguiu a palavra «INTERVEIO» substituindo-a energicamente por «INTERVIU».
Agora deu um tiro de mestre no verbo VER.
E foi mesmo perante os nossos deputados e na presença das câmaras de TV que o sr Nunes da ASAE afirmou a dado passo «VIMOSO», desinfestando de vez das gramáticas a expressão verbal «VIMO-LO».
E, eu, que gosto de imaginar coisas, apetece-me pensar como será supremo prazer intelectual ter o privilégio de ler, num relatório circunstanciado, qualquer coisa como «A GENTE VIMOSO A MEXER A SOPA COM UMA COLHER DE PAU E A ASAE INTERVIU IMEDIATAMENTE, SEM APELO NEM AGRAVO».
Ah! Ah! Ah! Ih! Ih! Ih!
Já agora que estou a rir.
E esta surpreendente novidade do Macário Correia, a alma mais pura que se viu em Portugal, o tal que acha que a boca de uma fumadora é a mesma coisa que um cinzeiro cheio de beatas, ser arguido porque uma mulher o denunciou pela prática de «ASSÉDIO SEXUAL» ou «ABUSO SEXUAL» (não percebi bem …) ????
… Onde é que o aquecimento global ainda nos vai levar?

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Ministro da Saúde Está a Destruir o País

O ministro da saúde ultrapassou todos os limites do tolerável.
Toda a gente diz que é um técnico de administração da saúde de elevada reputação.
E ele tem sabido, com a mestria seráfica dos demagogos, espalhar aos ventos os méritos do que designa por as suas «reformas».
Não fora a exiguidade do território nacional, a velocidade de circulação da informação e a hipersensibilidade das populações para as questões sociais e Correia de Campos seria o ministro de maior sucesso.
O problema, porém, é que ele vive neste País.
O seu problema não é uma questão de informação, de que ele usa e abusa, nem de défice de explicação.
O problema é a própria essência das suas «reformas», são os resultados das suas próprias «reformas».
Não há plano, não há projecto, não há acção implantada que não tenha como consequência a quebra da confiança das gentes, a instabilidade generalizada e os mais catastróficos efeitos.
E, hoje, ninguém de juízo perfeito duvidará que ele é o político português mais irresponsável e perigoso.
Ele devia zelar pelo bem-estar social, a saúde e pela vida das pessoas.
Todavia, desconhece o País, a sua geografia física e cultural e as suas populações, ignora os profissionais de saúde, não sabe como funcionam as instituições de saúde, despreza as expectativas populares.
Mudar por mudar não é um objectivo racional.
Pode ser necessário e até útil, mas, para mudar, é preciso preservar a estabilidade social e, previamente, saber o que se muda, para quê se muda, com quem e para quem se muda, com que meios se muda, quais as consequências da mudança.
Não basta, muito pelo contrário, mudar por motivações de imagem, para pôr os amigos a propalar encómios pela «coragem de mudar» ou para «organizar espectáculos de luz e cor».
Importa, isso sim, ouvir a simplicidade de quem usa e esperar pelo juízo prudente de que «as coisas estão a correr bem».
E, para isso, não é necessário destruir nada bastando, a maior parte das vezes, simplesmente «melhorar» o que existe: um profissional mais, instruções claras, uma ligeira acção de formação, um novo equipamento, um horário mais adequado, mais expedita circulação da informação interna, harmonização das relações entre todos os agentes internos e externos, a integração na comunidade envolvente.
Correia de Campos, como Sócrates e outros, apostam, claramente, na pura e simples e egocêntrica «coragem de mudar e depois logo se vê».
O que lhe interessa é «desenhar» a mudança, impor a mudança apenas porque é mudança, sem curar de saber dos méritos do que é mudado e sem apurar da exequibilidade do que é novidade.
Já muito se falou das urgências e dos SAP’s.
O último escândalo envolve o INEM e os Bombeiros Voluntários e o sistema de emergência congeminado nos gabinetes do ministro.
Afinal, com a leviandade já habitual, o ministro não avaliou os meios e a capacidade de resposta do INEM e decidiu envolver os bombeiros, sem ter a mais pequena noção de quem são, como se organizam e funcionam, de quais os recursos humanos, operacionais e financeiros de que dispõem.
O problema não está, como é óbvio, nos bombeiros voluntários que cumprem exemplarmente as suas missões e a quem todo o país muito deve.
O problema está na ignorância e displicência dos decisores de Lisboa.
O País real, as suas instituições e o povo não têm sido encarados senão como cobaias de experiências perigosas promovidas por políticos irresponsáveis.
Governa-se para os amigos, os lobbies e para a Televisão.
É por isso que o ministro da saúde, presumindo-se um vanguardista, se converteu num marginal perigoso que o País Real quer ver desligado de qualquer função de responsabilidade nacional.
E com a maior urgência, porque já chega de destruição!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A Humildade no Período Eleitoral

O governo mudou radicalmente
a sua política de marketing e propaganda.
O País entrou na era da humildade institucional
como preliminar de um longo período eleitoral.


Os homens «determinados» já não se «zangam» com ninguém e deixaram cair a imagem sisuda e de certezas absolutas.
Hoje, o primeiro ministro, os ministros que mais se destacaram na obstinação, teimosia e arrogância, bem como os principais agentes da propaganda governamental aparecem de sorriso aberto, pacientes e compreensivos, dialogantes e simpáticos.
O PS mostrou-se (afinal ainda existe) e o povo ficou a saber que tem um secretário-geral (por acaso também ministro) e é democraticamente ouvido pelo governo que, humildemente, acolhe os seus conselhos;
Sócrates, agora todo ele sorridente e afável, humildemente já pára para falar aos jornalistas e até deixa fazer perguntas sem se irritar;
O ministro das finanças é a tranquilidade geral, a nossa esperança e a segurança colectiva e como que jurando, diz humildemente ao povo que não consentirá que a crise económica e financeira global arrombe as portas do nosso País;
O ministro do trabalho (solidariedade) deixa cair no ridículo o seu jovem secretário de estado para vir humildemente em defesa dos humildes reformados, com a maior amizade e compreensão pelos seus problemas;
O famigerado Mário Lino é a humildade e compreensão personificadas e desdobra-se em diálogos com as autarquias e em promessas de investimentos em todas as áreas (mesmo naquelas em que não manda) que fazem corar de vergonha os que defenderam o aeroporto na Ota;
Correia de Campos, à parte algumas arestas que não conseguiu ainda limar como a tendência para a ameaça e o comentário ofensivo e de baixo nível intelectual das acções dos partidos da oposição, aparece agora humildemente na TV como o pai caridoso dos doentes pobres, o avozinho paciente que explica as «coisas» aos camaradas da oposição interna e a todo o povo e que, imagine-se lá, até dá o feito por não feito para agradar a um presidente de Câmara do PSD;
Fátima Campos Ferreira, a imagem pública da «determinação agressiva e toda poderosa» do socialismo socratiano, era «a dona» do estabelecimento e transformou-se em humilde «moderadora», passou a falar menos e a deixar falar os convidados do programa «Prós e Contra», já não ameaça ninguém de expulsão da sala e já não se incomoda com os aplausos ou vaias da plateia;
Jorge Coelho, então esse está de tal modo desfigurado que até parece um pensador de cabeça própria e um analista independente: já não espalha por tudo e por nada os mais rasgados e vigorosos elogios à personalidade de Sócrates e, humildemente, chega a baixar à crítica (de pequenos aspectos, é certo, mas crítica em todo o caso) dessa «coisa desagradável» a merecer estudo mais profundo que é a questão das urgências hospitalares.
Em suma: parece óbvio que há instruções à «família» socialista para se mostrar humilde e mudar de cosméticos, penteado, de gravata e corte do casaco.
E eles, justiça lhes seja feita, aparentemente estão a executar tal e qual como mandaram os especialistas de imagem e propaganda.
Faltará, porventura, abrir um pouco as janelas para deixar sair os restos do cheiro a mofo e a falso.
É que ainda se notam, nas expressões e nos gestos, sinais que nos lembram do velho princípio da sabedoria popular: a alma e o carácter das pessoas não mudam do dia para a noite.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Os Fumadores, os Bêbedos e as Prostitutas

Nos tempos actuais, já não contam para a segurança das sociedades e para a saúde pública as misérias humanas emergentes dos crimes violentos contra as pessoas praticados sob a influênca do abuso do álcool nem a completa degradação humana resultante do exercício da prostituição, essa clássica e eterna «chaga social». Hoje, crime é fumar e o anti-social é o fumador. Como é triste ver uma sociedade a escorregar alegremente para o poço da desagregação … e só pela influência de meia dúzia de novos ricos, uns já velhos os outros envelhecidos precocemente, que se julgam no seu momento da Glória e da Fama.
Não é com personagens deste tipo que se garante a estabilidade social.
E muito menos com diarreias legislativas que, pretendendo fixar vinculação geral a meras modas, desarticulam a harmonia de relações sociais consolidadas e aceites porque estabelecidas por regimes legais racionais e equilibrados.
Mudar a lei velha por lei nova é muito mais do que simples acto de autoridade ou mero capricho.
É colher o sentimento comum, tornar regra os factores de agregação, é fixar a unidade na comunidade, eliminar obstáculos ao desenvolvimento, reestabelecer as condições de acção adequadas aos agentes económicos, harmonizar relações entre quem faz e quem usa, entre os que oferecem e os que procuram, é garantir a liberdade.
A nova lei anti fumadores é precisamente o contrário.
É um atentado inqualificável à liberdade individual, uma ofensa geral à dignidade e autonomia de todas as pessoas e da própria comunidade, é desagregadora e um sério obstáculo ao desenvolvimento económico com efeitos imprevisíveis na indústria, em particular do turismo.
Não basta fingir que o problema está na sua aplicação nem na formação ou no carácter das pessoas responsáveis.
O problema está na própria lei, que, porque geradora de fortes tensões sociais, de práticas tirânicas e consequente reacção violenta e da divisão da comunidade, tem de ser revogada ou derrogada urgentemente, sob pena de ser a autoridade do Estado e das suas instituições administrativas e judiciais a definhar-se na defesa impossível de um regime legal anti social e anti comunitário que ninguém respeitará.
O DOMÍNIO DA IGNORÂNCIA E DO PRECONCEITO
NO ESTADO MORAL DA HIPOCRISIA

Vale a pena, às vezes, ouvir pessoas, em particular gente com especiais responsabilidades.
O George da DGS, o director da Escola de Saúde Pública e dois ou três médicos presentes há dias na TV, afinal, pretendem impôr a proibição total de fumar.
E chegam ao ponto de afirmar que o Estado nada perdia pois as receitas tributárias derivadas da venda de tabaco correspondem às despesas com tratamentos de doenças resultantes do hábito de fumar.
Não esclareceram, como é agora habitual, a natureza das doenças que consideram nesta categoria.
Por exemplo, seria interessante saber como classificam um doente asmático. Será problema respiratório resultante da inalação activa ou passiva de fumo de tabaco ou manifestação de alergias de causas múltiplas, como a exposição ao pólen de certas árvores?
E decide-se o quê para reduzir os custos da saúde? Cortam-se todas as árvores? Proibe-se a plantação de árvores?
Impressiona a leviandade com que se avançou com a aplicação de uma lei da Assembleia da República deixando a sua legal regulamentação ao livre arbítrio de um simples director-geral, incompetente, prepotente fanático e manifestamente pessoa preconceituosa e frustrada.
Mas mais preocupante é a aculturação, a desinserção social e a ignorância revelada por aquele pequeno grupo de amigos do George da DGS.
Por exemplo, o George não conhece o conteúdo e alcance da expressão jurídica «promoção de … »; e o director da escola de saúde pública ignora por completo o sentido de conceitos como «espaço público».
Para este senhor, que confunde Estado social com Estado moral, o que está em causa é a protecção de espaços públicos e espaço público será tudo o que é acessível a toda a gente. E é por isso que acha que tem de ser proibido fumar em restaurantes, centros comerciais, bares e discotecas. Mas, curiosamente, esquece-se dos reais espaços públicos e não estende esta proibição a jardins públicos, ruas e passeios.
Porque é que o senhor director da escola de saúde pública e os seus amigos não descem do seu altar de arrogância fanática para, com a humildade (?) da nova escola «socratiana», pedir ajuda a quem estudou estas «coisas»?
É que não precisam de fazer a «triste figura» do clássico «cavaleiro» que, tendo a presunção de defender o bem público, atropela todos e ignora conceitos básicos como «domínio público» e «propriedade privada», «uso colectivo» e «uso público», «espaço público e uso privado», «espaço privado e uso público», «rede de espaços públicos urbanos», «uso colectivo em espaços privados», «direitos de ocupação, uso e de transformação», «fim público» e «fim privado», «satisfação de necessidades colectivas em nome e no interesse da colectividade», «expropriação e nacionalização», etc., etc..
Estes novos moralistas, que se arrogam o direito de criar e impôr o «homem perfeito» ou organizar a «sociedade sem catarro», exibem os estudos convenientes e não escondem que consideram o tabaco o «Mal» social actual.
E querem impôr a sua total proibição.
Mas, estará resolvido o caso do álcool?
É que, se não está, talvez fosse socialmente útil que se ocupassem dele; se está resolvido, parece que as «coisas» funcionam sem proibições …
E os outros males?
Por exemplo a eterna «chaga social da prostituição»?
Já repararam que até o exercício da prostituição não é crime, isto é, não é proibido?
Será que nós, os fumadores, somos socialmente mais perigosos que os «bêbedos» e os/as «prostitutas»?
Ou vamos proibir «uma valente bebedeira» e «uma noite com uma prostituta»?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A Lei no Reino das Conveniências

Em qualquer parte do mundo, a estupidez e o oportunismo abafam a racionalidade.
Portugal não é excepção.
Mas no nosso canto, talvez por não passarmos de um simples e pobre canteiro, a estupidez e o oportunismo rapidamente se convertem em despotismo criando em cada criatura um tirano.
É assim com os ministros e os polícias, com os chefes, com cada cidadão protegido na sua fortaleza, seja ela o automóvel, um grupo de amigos ou o seu estabelecimento.
Fazem-se leis por medida, à pressa e segundo as regras impostas pelas modas.
Os valores, a cultura, os costumes e as consequências da sua aplicação não interessam.
O que importa é ser «inovador» e «criativo» e impôr regras … destinadas aos outros, para a nossa satisfação pessoal.
E depois, todos prezam a lei mas enquanto a puderem violar impunemente.
A questão da lei celerada anti-fumadores é bem típica.
E o comportamento do director-geral da saúde e do inspector chefe da ASAE ficará, certamente, nos anuais da conjunção do autoritarismo, abuso de poder, ignorância e facilidade com que se conjecturam as manobras mais extravagantes para tornear a aplicação das leis.
Primeiro, começaram por inventar um regime conveniente mas ilegal para os casinos; agora veio o director-geral da saúde lançar-se ao trapézio e ensaiar manobra mais extravagante: cria uma nova classificação das actividades económicas, altera o objecto social das discotecas e adapta a lei anti-fumadores à sua imaginação.
E, num ápice, as discotecas deixaram de ser estabelecimentos de restauração ou de bebidas, não porque mudaram de negócios mas apenas porque o director-geral tinha de encontrar uma saída airosa para a sua impotência.
Agora, as discotecas são espaços de diversão onde se organizam espectáculos de natureza não artística, segundo o George da DGS.
Não seria mais natural acabar com a perseguição inquisitória aos fumadores, eliminar as ofensas à LIBERDADE individual e pedir ao governo, agora tão HUMILDE, que propusesse ao parlamento as adequadas alterações à lei celerada, repondo o princípio da responsabilidade individual e a normalidade social?

Afinal, não valerão nada, para o senhor George, a lei nem as práticas habituais generalizadas?

É que, nos termos da lei,
«são estabelecimentos de restauração, qualquer que seja a sua denominação, os estabelecimentos destinados a prestar, mediante remuneração, serviços de alimentação e de bebidas no próprio estabelecimento ou fora dele».
E são «estabelecimentos de bebidas, qualquer que seja a sua denominação, os estabelecimentos destinados a prestar, mediante remuneração, serviços de bebidas e cafetaria no próprio estabelecimento ou fora dele».
Por outro lado, diz a mesma lei, os estabelecimentos de restauração e de bebidas «podem dispor de salas ou espaços destinados a dança».
Será que as discotecas não se enquadram aqui?
Quanto às práticas habituais,
A Associação Nacional de Restauração disse que «os únicos estabelecimentos de restauração que estão tipificados em diploma legal são os das discotecas».
O Ministério da Administração Interna, em documento oficial, a propósito de orientações de segurança, traça como objectivo a «fiscalização, em articulação com as diferentes forças e serviços de segurança, da actividade de bares e discotecas e estabelecimentos similares (…)».
É a ARESP – Associação da Restauração e Similares de Portugal – que representa as discotecas nas negociações das questões relacionadas com o pagamento de direitos de autor e direitos conexos.
Foi a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto que reivindicou a combinação da «lei do do tabaco com a lei do consumo do álcool , do acesso aos estabelecimentos de animação nocturna, nem que para isso se crie uma lei específica para bares e discotecas».
Foi a Associação dos Bares do Porto que negociou com as autoridades de turismo da Galiza uma proposta de dinamização do comércio da baixa onde se previa um roteiro de bares e Discotecas a oferecer aos turistas espanhóis pelos comerciantes.
E foi a Associação Nacional de Discotecas que discutiu com o governo a questão da tipificação dos estabelecimentos incluindo as discotecas no sector da restauração dizendo a propósito: «as discotecas são o bode expiatório público da desregulamentação que reina no sector da restauração em geral».

Então, tudo isto vale nada, na óptica do omnipotente George da DGS (a existente, não a de outros tempos, apesar das actuais tentações ...)?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Lei No Reino dos Poderosos

(Nota prévia: sou fumador, considero a lei anti-tabaco o maior atentado à liberdade individual e jamais entrarei em local reservado a «não fumadores». Todos devemos lutar sistematicamente pela revogação desta lei celerada. Mas também não podemos deixar de lutar, com a maior energia e até à sua total neutralização, contra os hipócritas, a bufaria despótica de capoeira e os «corajosos» algozes dos fracos e desprotegidos mas servis lambe-botas dos poderosos)


Francisco George, o famigerado director-geral da Saúde vitalício, não aguenta as consquências da chamada Lei Anti-Tabaco.
E veio agora com uma «novidade» para aliviar as tensões provocadas pelas Discotecas.
Afinal, disse à Associação Nacional das Discotecas este ilustre «jurista» licenciado em Medicina, as discotecas não têm nada a ver com a indústria da restauração e similares nem com a indústria de bebidas e similares.
As discotecas são recintos de diversão destinados a espectáculos de natureza não artística.
Quer isto dizer que, nas discotecas, já não se aplica aquela ruinosa limitação que impõe que as áreas para fumadores não podem exceder 30 por cento do espaço total do estabelecimento.
Nem os proprietários das discotecas queriam acreditar em tamanho «cabaz de Natal».
Pensavam eles que estavam inseridos no sector dos «estabelecimentos de bebidas com espectáculo» ou dos «estabelecimentos de bebidas sem espectáculo» ou, mais genericamente, no sector da restauração e bebidas.
E pensava toda a gente que, quando ia à discoteca, queria era «beber uns copos» e «dançar» ou, melhor, «abanar o capacete» até de manhã.
Nada disso: a rapaziada vai à discoteca para apreciar bons espectáculos de natureza não artística!
E pronto, o George assim o disse, assim a ASAE fará.
Primeiro foi com os casinos, agora com as discotecas, quem é que se seguirá na fila de candidatos às «prendas» do George?

Mas, no essencial, o que é para que serve uma discoteca?

Toda a gente sabe que as discotecas estão instaladas em recintos fechados e se destinam a utilização colectiva.
Constituem locais de trabalho onde o trabalhador se encontra em permanência, sujeito directa ou indirectamente ao controlo do empregador.
São estabelecimentos de bebidas e, na sua maioria também de restauração, e possuem salas ou espaços destinados a dança.

Vejamos agora o que é que consagra a Lei da Assembleia da República, que o George vai paulatinamente derrogando em relação aos poderosos?

A celerada lei designada lei anti-tabaco estabelece a regra geral da proibição de fumar em recintos fechados destinados a utilização colectiva.
Esta proibição de fumar é especificadamente aplicável:
1 – Aos locais de trabalho;
2 – Nos recintos de diversão destinados a espectáculos de natureza não artística;
3 – Nos estabelecimentos de bebidas e de restauração;
4 – Nos estabelecimentos anteriores que possuem salas e espaços destinados a
dança.
A Lei admite, no entanto alguma excepções que, no caso em apreço, são as seguintes:
a – Nas áreas ao ar livre é admitido fumar;
b – Nos locais de trabalho e recintos de diversão destinados a espectáculos de natureza não artística pode ser permitido fumar em áreas expressamente previstas para o efeito desde que sejam separadas fisicamente das restantes instalações, ou disponham de dispositivo de ventilação, ou qualquer outro, desde que autónomo;
c – Quanto aos estabelecimentos de restauração ou de bebidas, incluindo os que possuam salas ou espaços destinados a dança, com áreas inferiores a 100 metros quadrados, a opção é do proprietário;
d – Quanto aos estabelecimentos de restauração ou de bebidas, incluindo os que possuam salas ou espaços destinados a dança, com área destinada ao público igual ou superior a 100 metros quadrados, podem ser criadas áreas para fumadores, até um máximo de 30 por cento do total respectivo, ou espaço fisicamente separado não superior a 40 por cento do total respectivo, e não abranjam as áreas destinadas exclusivamente ao pessoal nem as áreas onde os trabalhadores tenham de trabalhar em permanência.

E já agora, vejamos o que é que o Ministério da Saúde andou por aí a escrever em documento oficial sobre o que pensa, ou pensava, destas coisas da fumaça.

“Os trabalhadores em locais fechados são os principais expostos, em particular os trabalhadores em discotecas, bares e restaurantes, que podem ter níveis de exposição muito superiores aos da população em geral e bastante superiores aos verificados em outros locais de trabalho (valores confirmados por parâmetros biológicos).
“Num período transitório - enquanto medidas de restrição total não forem instituídas -, a criação de espaços para fumadores deve respeitar algumas condições.
“Estes espaços devem ser totalmente separados fisicamente das restantes instalações ou, no caso de se situarem no interior de edifícios, serem totalmente compartimentados, disporem de ventilação separada, serem mantidos sob pressão negativa e directamente ventilados para o exterior, através de sistema eficaz de exaustão;
“Estes espaços não devem situar-se em áreas onde trabalhadores, ou utilizadores não fumadores, tenham que trabalhar ou permanecer”.

Todos percebemos o George: nada disto tem a ver com casinos e discotecas.
Só com estes estabelecimentos? Por enquanto, direi eu.

... Com muita esperança, convenhamos.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Algures ... No REINO DOS HUMILDES


Ai, ai, ai!
Com que então eles é que são HUMILDES?
E eu?
Eu?! Eu, que até venho às obras?!
... Como qualquer operário!






Não me faltava mais nada!
Operário!?
Mas eu sempre fui da classe operária ...?!
Eu é que sou o verdadeiro HUMILDE!






Hi, Hi, Hi, nada disso, rapazes.

Ainda não vi nenhum de vocês no Portugal profundo!

O que é que já fizeram pelos interiores?

Nada!
HUMILDE sou eu.
... E juizinho!
Se continuam a armar-se ...
Não querem ser encerrados, pois não?


Pchiu, pchiu, bico calado!
Aqui não há ninguém mais HUMILDE que eu!
Eu tanto aperto a mão a um empresário ...
como o pescoço a um operário!
Perceberam?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Vou FUGIR P'rá RTP!


Pronto, aí está!

Agora é que não sou capaz de travar o GOLPE de ESTADO do Cavaco.

Terá sido a ASAE? o SIS? A PJ? A PSP?

Mas como é que o Bagão Feliz descobriu que eu estava a vigiar no meu sítio preferido?

Já nem a SARGETA é seguro?




domingo, 13 de janeiro de 2008

No reino da vítima

«Infeliz» tem hoje um significado novo.
Quando um ministro ou um secretário de Estado manifesta total incompetência, os actuais pensadores oficiais comentam que «teve um momento infeliz».
Quando um alto dirigente da administração pública, como o chefe máximo da ASAE, se comporta violando a lei cujo cumprimento deve fiscalizar, diz-se que praticou «um acto esporádico infeliz».
Quando políticos impostos como referência nacional, como Almeida Santos, dizem as maiores barbaridades de que há memória, logo se estabelece que «foi uma frase infeliz».
Quando as profundas divisões internas dentro do PS exprimem a fragilidade da maioria absoluta de Sócrates, lá vem a clássica máxima da «interpretação infeliz».
Quando o governo mente, insulta a inteligência do povo, dos autarcas, dos empresários e sindicatos, é a vida que está cheia de «enganos infelizes».
Quando Sócrates e muitos dos seus ministros não conseguem conter a sua arrogância e autoritarismo, tudo não passou de «reacção infeliz».
Quando o desemprego aumenta e a economia definha, pois claro, é «a conjuntura» infeliz.
Quando a miséria se generaliza, é certo e sabido: «circunstância infeliz».
Quando se esfuma o respeito por um Portugal tido como qualquer «coisa» irrelevante e indigente da cena internacional, o problema não é nosso mas, obviamente, «uma excrescência lamentável deste mundo global infeliz».
Isto é, o prevaricador, o incompetente, ou o déspota, o irresponsável, ou o oportunista ou o conformista impotente ... nada disto é o que era - agora é apenas a fatalidade da infeliz vítima.
… E coitadas das vítimas!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Que talento! Que coerência!

As voltas que a vida dá …
Circulava eu pela Internet em busca de notícias de velho amigo quando dou de ventas com memória de obstinado.
Recordava ele tempos de outrora que enfureciam sábios oposicionistas, por ironia do destino situacionistas dos tempos de agora.
Há cinco anos, Sócrates penava por trilhos estreitos das sinuosas serrarias apregoando boa nova.
Ele era o progresso de onde não se miram os mares, a justiça dos pobres degredados nas cercanias da serra, o justiceiro dos desvalidos sem modo de vida.
Escrevia ele em 2002:
«O Orçamento de Estado para 2003 traz-nos uma mão cheia de más notícias: sobem os impostos, diminui o investimento público, aumenta o desemprego.(…)
«Os impostos sobem, desde logo, para as famílias: o IRS vai ficar mais caro em virtude da actualização dos escalões ser apenas de 2%, inferior à inflação esperada.(…)
«Mas sobem também para as empresas, já que sobe o instrumento fiscal de pagamento especial por conta, cujo limite superior passa de 300 para 50.000 contos.(…)
«Esta é sem dúvida, a primeira marca que fica deste orçamento: uma profunda imoralidade fiscal. Para que 1500 contribuintes não paguem, há 5.000.000 que vão pagar mais.(…)
«Outra má notícia é que este orçamento corta no investimento público.(…)
«Mas o mais chocante é que acabou a solidariedade com o interior.(…) Escandaloso.(…)
«Finalmente o desemprego. Este orçamento prevê uma subida do desemprego para 5,4 por cento. É a confissão de que o emprego deixou de contar. De ser uma prioridade da politica económica.(…)«Aumento de impostos, desinvestimento, desemprego: alguém acredita que este orçamento vai promover a confiança e recupera a economia?».


Naqueles tempos já lá vão cinco anos passados, o homem era um dos seus.
Queria mais para o interior - mais de tudo, desde dinheiro a escolas e hospitais, mais solidariedade com o interior.
Mas também exigia menos dos males das gentes e das empresas – menos impostos e menos desemprego.
Ele reclamava confiança e espadeirava com denodo pela recuperação económica.
Cinco anos após, ilustrado pelo néon da cidade grande e superiormente doutrinado nas doutas ciências da preclara universidade independente, Sócrates aí está … mais bem vestido que nunca.

Que talento – como diria o outro.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Como é bom ser velhinho!

Há um menino no governo que é um poço de ternura.
De ar cândido e voz macia, ele não deixa velhinhos sem amparo na travessia das ruas, não esquece o cigarrito e o guloso rebuçado de eucalipto que carinhosamente distribui nos bancos dos jardins e à entrada das igrejas.
E o sorriso meigo com que ilumina as faces rugosas ao aconchegar nas velhas costas o agasalho quente que, lesto e determinado, tira do saco de plástico que nunca esquece, não vá surgir o imprevisto!
A sua palavra é a crepitante fogueira que aquece a alma dos avôzinhos e a sua espalhafatosa energia é a vida que se solta das gargalhadas de esperança que inundam os lares da terceira idade que visita.
Ele é o neto de todos os avós.
É o anjo da guarda, atento e zeloso, é a carinhosa muralha que trava o tumulto, o choque e a violência das mudanças súbitas e desordenadas, as emoções fortes.
Aquele menino, que é do governo, lá para os lados da segurança social, salvou vidas, preveniu tromboses e enfartes.
Não fora ele, o que não seria por esses jardins e lares se, com a maior brutalidade, pagassem aos nossos velhinhos tudo o que o Estado lhes deve em retroactivos, tudo de uma vez só, assim bruscamente, sem carinho e sem um mínimo de sensibilidade!
Ah! Quem me dera ter tal neto, lá para as bandas das economias e das finanças, que me acarinhasse com as 14 suave prestações mensais do aumento de preço do pão, batatas e alfaces, da gasolina e do passe social, das taxas moderadoras, da luz e de tudo o resto!
O menino tem toda a razão.
Porque é que há-de vir tudo de uma vez?
Aumenta-se o pão 14 por cento?
Basta dividir 14 por 14 … é um por cento em cada mês!
Não era mais suave, carinhoso, mais simpático?
… E agarrava-se o padeiro que, se quisesse receber os 14 por cento do aumento, tinha de aguentar até ao fim do ano!
Como é bom ser velhinho em Portugal!!!
(Chega-me agora a notícia de que o ministro do menino anunciou que os retroactivos dos velhinhos vão ser pagos de uma vez só. Que falta de carinho! Que insensibilidade! Que brutalidade! Até parece comunista, ou coisa do diabo! ... Só nos faltava agora que este ministro sem coração despedisse o menino!? - Que grande confusão ... trapalhada maior, ainda não vi. Isto há gente capaz de tudo ... até de dar cabo dos nossos queridos avós, não é menino? ... Tudo de uma só vez!?)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O Sr. Nunes foi a despacho

Apetece-me imaginar que o sr. Nunes, chefe máximo da ASAE,
foi a despacho com o sr. Ministro.

Sr. Ministro - « Oh! Nunes, constou aqui no ministério que a ASAE foi chamada por telefonema anónimo ao estabelecimento «A Tasca do Porco Sujo» e interveio. Afinal, o que é que aconteceu?»
Sr. Nunes (indignado) – «Oh! Sr. Menistro, é absolutamente falso. A ASAE não interveio nada; a ASAE só, e rigorosamente, só interviu …»
Sr. Ministro – «Mas, Oh meu caro amigo: dizem que houve bronca …»
Sr. Nunes (sacando o isqueiro de ouro oferecido pelo amigo) - «Mas tinha mesmo ca ver. Ora vejemos, é assim: quando chegámos à cuzinha estava um peixe morto numa mensa. Claro que ordenei logo que amandassem o animal dali pra fora. O dono da tasca agarrou no peixe e posio logo num balde. E prontos, foi assim a ocurrência. Nem mais nem menos. O sujeito, qué um ingnorante chapado sem inducação nenhuma, ainda abalançouse pa mindrominar com a estória da lei quera só prós tótós mas eu cá pusio logo em sentido e prantei logo o selo na casa. Prontos, foi só assim: agente não interveio nada; jamé, nada disso: agente só interviu! Tá a peceber sô Mnistro?»
Sr. Ministro – «Ah! Bom …»
Sr. Nunes (apoplético) – «E ainda direilhe mais: é assim, se né agente que instrói estes coitados quem é que o fazerá?»

sábado, 5 de janeiro de 2008

A inspiração do Portugal Moderno

Este é o símbolo mais visível hoje em Portugal nas portas dos estabelecimentos
que reserva o direito de admissão exclusivo a «NÃO FUMADORES»
proibindo a entrada de «FUMADORES».
Este é o simbolo
que antigamente se afixava nas portas dos estabelecimentos de África e EUA
reservando também direito de admissão exclusivo
e que agora inspirou Portugal e tanto excita as autoridades
e todos os frustrados deste País.

Tal como dantes não interessava a educação e urbanidade dos cidadãos mas apenas uma característica física, hoje, em Portugal, não podem entrar cidadãos só porque fumam, estejam ou não a fumar. Talvez porque o fumador exalará sempre pelos poros impuros a peste do tabaco ... e isso polui o ambiente, aprofunda o buraco do ozono e, sabe-se lá, será causa relevante do aquecimento global!

Nós, os fumadores do século XXI, somos a nova geração dos leprosos, tuberculosos, negros e judeus que só podem existir se confinados ao gheto e ao isolamento!

... Ainda bem! Eu é que não quero misturas!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

O homem é analfabeto!

Agora percebe-se.
Andava por aí meio mundo a pensar como é que era possível estarmos sujeitos a uma polícia tão alarve como a ASAE.
Uma polícia que, além de alvejar ciganos, feiras e romarias, entretinha-se também a boicotar acções de campanha eleitoral desagradáveis ao governo e ao PS, como foi o famoso caso da inspecção ao barco alugado pela campanha do Professor Carmona Rodrigues.
Agora percebe-se aquela «coisa» que invadia cozinhas e fechava casas como a Ginjinha e que andava sempre com a TV atrás.
O problema está no topo.
O chefe máximo (Presidente, Director ou outra coisa qualquer) desta «coisa» viola publicamente a lei cujo cumprimento a sua instituição deve fiscalizar, punindo mesmo duramente os violadores.
Ele fuma em sala fechada de espectáculo e restaurante!
Ele é um poluidor de ambientes!
E depois vem dizer que nos espctáculos e restaurantes dos casinos a sua lei não se aplica.
Para ele é tudo uma questão de jogo, logo, aplica-se nos espectáculos e restaurantes e bares dos casinos a lei do jogo.
Ah! Ah! Ah!
... Só lhe falta dizer que nesses santuários não se aplica o Código do Trabalho, o Código Civil nem o Código Penal!
Há pancadaria da grossa? - vamos ver o que é que diz a LEI DO JOGO ... !
Ali é tudo a LEI DO JOGO.
Mas, além de troca-tintas, o homem é ANALFABETO.
O que talvez seja pior!
Disse ele a uma TV: «... dizia-se que assistiu e não interVIU».
Bom, lá rimar até rima, mas ...
Não é preciso ser polícia para se saber que este interVIU não existe.
O verbo é intervir e o que o homem deveria dizer era INTERVEIO.
Ah! Ah! Ah!
Está bem entregue aquela polícia.
Será que ele percebe o que está escrito em português correcto?
... Não me digam que este também andou na Independente ... mas na turma do português técnico?!
Ah! Ah! Ah! Eh! Eh!
Às tantas ... sabe-se lá!