Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma OPOSIÇÃO SÉRIA com uma direita coesa e forte mas só encontra alcoviteiras e trailiteiros. Até quando?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ministro da Justiça precisa de instabilidade!

Às vezes, a imagem é tudo.
O ministro da Justiça foi ao sótão poeirento rebuscar uma imagem típica dos velhos tempos do século passado.
Movimentos pesados, gestos lentos, olhar abstracto parado num horizonte indefinido, lábios cerrados, expressão sem expressão, frases curtas e enigmáticas.
Ele quer mostrar-se o homem misterioso, o guardião da informação, o tal que sabe tudo o que ninguém mais conhece, o poder dentro do Poder.
Naqueles tempos, ele seria certamente o capataz que oferece a ponta dos dedos em disfarce de aperto de mão, o chefe de secção temido ou o primeiro sargento que mexe os cordelinhos, o regedor de vilória que «safa» as coisas ou simplesmente o perigoso «tartufo» de «conhecimentos» e «influências» lá em cima, nas altas esferas.
A sua arma era a frase sibilina ou o murmúrio que dizia o tudo e o nada e o seu poder emergia do mistério, do desconhecido, da suspeição, do imponderável.
Mas os tempos mudaram e, hoje, aquelas poses seráficas já não enganam e, muito menos intimidam, quem quer que seja.
A informação circula e toda a gente sabe, ou julga saber, onde está e quem é o poder que interessa.
É por isso que o ministro da Justiça não passa de mera figura ridícula quando, confrontado com a gravidade de um comportamento ilegal, anti ético e demolidor de dois pilares da Justiça protagonizado pelo director nacional da PJ, vem dizer que a sua inacção representa a sua acção.
Não cria mistério algum nem sugere autoridade.
Bem pelo contrário: aparentemente, o que ele veio declarar foi a pequenez da sua posição em grupo de fraternos amigos, a sua impotência perante o estranho poder do director nacional da Polícia Judiciária, a sua incapacidade para impôr à alta administração o cumprimento de regras de conduta que dignifiquem o Estado de Direito.
… Mas, porventura, ele veio insinuar muito pior que isso: talvez ele próprio tenha montado o «esquema» de sombras e penumbras, a aliança perfeita para abafar a fervura dos polícias mais inconformados, para docilizar os magistrados do Ministério Público e para conter a consciência de independência dos juízes de direito.
A ser assim, o ministro da Justiça, ao fim e ao cabo, apenas segue o seu caminho, paulatinamente e com a maior discrição.
Não lhe importam os escândalos, que sabe são sempre precários.
É que ele precisa da instabilidade das instituições do sistema de Justiça … para REINAR à sua vontade.
Ele quer sobreviver ao terramoto que se organiza no seu PS e nas adjacentes tertúlias concorrentes de irmãos desavindos.

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