É curiosa a Justiça brasileira.
A propósito do «caso Duarte Lima», já ouvi uma procuradora e um chefe de polícia, ambos da investigação criminal brasileira e envolvidos no processo em causa bem como, é claro, milhões de jornalistas e «comentaristas» portugueses.
Sem querer referir ninguém, não posso deixar de destacar o papel importante na divulgação desta trama da jornalista mais conhecida nos meios por «a rapargiga do capitão Roby» ... !
Pois bem.
Ainda não me indicaram qualquer prova material de que Duarte Lima possa ter praticado esse ou outro crime no Braasil.
Pelo contrário, parece que Duarte Lima terá estado no Brasil e em contacto com a senhora Rosalina mas os relatos indiciam apenas que o advogado terá sido chamado pela cliente exclusivamente para verificar a legalidade dos documentos (eventualmente minutas de contratos e certidões) que a senhora Rosalina levava para o seu encontro de negócios com a tal Gisela.
E advogado e cliente quiseram agir na maior discrição não fossem os outros concorrentes à herança de Tomé Feteira inviabilizar o negócio e, naturalmente, impedir a sua realização e a guarda em segurança do dinheiro por outros ambicionado.
É típico em casos desta natureza ... sobretudo quando a confiança entre cliente e advogado supera a mera e formal relação profissional.
O que não terá passado pela cabeça da senhora Rosalina nem de Duarte Lima é que estariam a ser vigiados de muito perto e que, quer o «negócio da cliente» quer a presença do seu advogado e amigo de toda a condiança ... que tudo não passava de uma armadilha montada com a maior perícia e minuciosamente executada por profissionais do crime!
Foi um «cambalacho» e uma «tocaia ... tudo primorosamente organizado ... e eles cairam que nem anjinhos!
Mas, independentemente dos factos, o que me impressiona é a facilidade com que a polícia brasileira e o ministério público falam às televisões sobre processos crime em curso.
E pior ainda: a naturalidade com que eles, meros agentes da «parte acusatória», «condenam» publicamente cidadãos, antes de qualquer sentença judicial, e apenas com fundamento em «motivação» do arguido, encenada com episódios circunstanciais de duvidosos alugueres de viaturas e multas de trânsito.
Aqueles agentes judiciários brasileiros, até parecem jornalistas generalistas portugueses!
Pobres cidadãos brasileiros que estão completamente indefesos perante a leviandade de tal sistema de investigação criminal e acusação pública!
Certamente as cadeias estarão cheias de inocentes, caidos em «bem montadas armadilhas», só porque seriam «um entre os milhões» que se presumiam com «motivações» para cometer um crime e ... com fama de sucesso na vida profissional e pessoal.
Até eu, que confio plenamente na integralidade pessoal de Duarte Lima, teria «motivações» bastantes para ser acusado e condenado ... se algum dos seus muitos «acusadores» e «condenadores», aparecesse numa qualquer valeta erma, morto ao estalo e à paulada!
Mas eu estou sujeito aos valores, princípios e rigor do ordenamento jurídico penal português em que as «motivações», desacompanhadas de provas materiais, são meros «estados de espírito hipotéticos» ... por isso, durmo tranquilamente!