Têm-me impressionado muito as análises apresentadas pelos partidos políticos e comentadores acerca das eleições autárquicas.
Mostra-se uma clara tendência para tentar demonstrar que o Governo do dr. Pedro Passos Coelho sofreu uma humilhante derrota eleitoral e que deveria, em consequência, demitir-se.
O PS chama para si uma «Grande Vitória», o PCP acha já que o eleitorado «correu» com o Governo e até o BE vive momentos de heróica epopeia.
Todos decidiram que as eleições autárquicas são nacionais e têm de ter uma «leitura» nacional.
Acho bem, por isso analisemos as «coisas» em termos nacionais, isto é, em termos de apoio ao Governo/apoio das Oposições.
Apurados os resultados, e em relação às anteriores eleições homólogas de 2009, apura-se o seguinte:
• O PS (e suas coligações) perdeu 47 representantes eleitos;
• Os partidos apoiantes do governo (e suas coligações) ganharam 71 representantes eleitos;
• O PCP (e a sua coligação) ganhou apenas 24 representantes eleitos;
• O BE apenas perdeu 2 representantes eleitos;
• O PS (e suas coligações) perdeu 1,29 por cento de votos em termos de percentagem nacional;
• Os partidos apoiantes do governo (e suas coligações) perderam 1,23 por cento de votos em termos de percentagem nacional;
• O PCP (e a sua coligação) ganhou apenas 0,34 por cento de votos em termos de percentagem nacional;
• O BE perdeu apenas 0,67 votos em termos de percentagem nacional;
• O PS conseguiu o total de 1780281 votos;
• Os partido apoiantes do Governo (e suas coligações) conseguiram 1730464 votos;
• O PCP (e a sua coligação) teve só 535989 votos;
• O BE apenas obteve 116878 votos;
• A abstenção subiu apenas 6,37 por cento.
Em conclusão: se «isto» representa uma derrota monumental do Governo do dr. Pedro Passos Coelho, dá a impressão que a «montanha anda por aí a parir muitos ratos»; se «isto» significa uma vitória estrondosa do PCP, talvez seja verdade que os «porcos também sabem andar de bicicleta»; se «isto» é a grande epopeia do BE, então será mesmo verdade que «chovem flores no Terreiro do Paço ao pôr do sol»; se «isto» é a Grandiosa Vitória do PS e a Grande Viragem da política nacional … então é mesmo verdade que a «estrada da Beira é a mesma coisa que a beira da estrada».
O meu quadro dos resultados eleitorais, numa leitra nacional e com as consequências nacionais imputadas em relação ao governo, à sua hipotética «derrota» e natural eventual «demissão», é a seguinte:
REPRESENTANTES ELEITOS
2013 2009
PS 874 921
PSD+CDS 768 697
CDU 198 174
BE 7 9
PERCENTAGEM NACIONAL
2013 2009
PS 36,38 37,67
PSD+CDS 34,52 35,75
CDU 11,09 10,75
BE 2,42 3,09
VOTOS EM 2013
PS 1780281
PSD+CDS 1730464
CDU 535989
BE 116878
ABSTENÇÃO
2013 2009
47,36 40,99
Nota: não incluo neste quadro os resultados do «independente» Rui Moreira do Porto (e sua coligação de empresários e militantes do PSD e do CDS) porque não sei se ele é do PSD ou do CDS nem sei se o deve integrar na categoria do «Comerciantes» ou de claque do Futebol Clube do Porto.
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