Televisões e imprensa não dão tréguas à inteligência das
pessoas normais e enchem-nos com ternuras como, por exemplo, a de que a prisão
de Sócrates «põe em causa o regime português».
Pobre País que tão pouca nota merece aos seus mais notáveis filhos.
A operação é de tal monta que já me esqueci se o problema
que aflige as televisões e os opinion
makers do costume é a investigação da prática de crimes pelo antigo
primeiro ministro e líder do PS, José Sócrates, ou se a questão é a personalidade
do juiz de instrução ou os métodos de actuação das polícias.
Toda a gente discute tudo menos o que se devia discutir: a
ausência de Proença de Carvalho na defesa de Sócrates, a «competência técnica»
do advogado constituído que alguns dizem ser um desconhecido, o «perigo» de se
entregar todas estas questões a um só homem, o curriculum e a personalidade do
juiz de instrução, dr. Carlos Alexandre, enfim, a prisão de um antigo primeiro
ministro.
O certo é que, depois de tanta trovoada de barbaridades,
acabo de ouvir um conhecido advogado que resume tudo dizendo que ainda não sabe
de que crimes é que Sócrates é suspeito.
Não sei se o «convite» a uma televisão para assistir à
distância à operação de detenção de Sócrates tem sido entendido como «convite»
à baralhação dos portugueses e limpeza da imagem do antigo primeiro ministro e
actual referência política de António Costa.
O que me parece é que esta «fuga amigável» tem servido com
primor a criação do «novo mártir português» e o desvio das atenções da maioria
da população para aspectos laterais da investigação criminal, muitos deles de
natureza moral.
Teria preferido saber da prisão de Sócrates através de um
comunicado de três linhas da Procuradoria Geral da República.Mas enfim, o que é relevante está feito!
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