A pandemia não será eterna e aproxima-se o tempo da análise política da performance do governo Costa, da situação em que o PS deixa o País sob os pontos de vista da economia e social e, em especial, a análise da condição do PSD para liderar a mudança e reconstrução.
É cada vez mais premente que, no seio do PSD profundo, se comece a pensar
no futuro. Tarefa árdua, talvez como nunca, dada a trágica herança de Rui Rio. A
inacção do PSD deixou espalhar uma enorme confusão sobre a natureza e
objectivos do partido pelo talvez seja preciso, até, começar pelo princípio: quem
somos e o que somos?
O PSD nunca se confundiu com a direita mas nunca teve dificuldade em atrair
para os seus projectos a direita portuguesa. Não é um partido de direita muito
menos a direita. Adversário e concorrente do PS, o PSD rejeita o marxismo e
renega qualquer possibilidade de aliança com o PS. As vagas experiências de
acordos com o PS revelaram-se desastres para a economia e democracia
portuguesas e mostraram bem a incompatibilidade cultural e politica entre PSD e
PS. O sucesso do governo de Passos Coelho e a indigência económica, social e
institucional dos últimos cinco anos demonstram bem esta incompatibilidade.
Que política de alianças deve o PSD começar a preparar e testar perante o
Povo?
Com Francisco Sá Carneiro, o PSD soube liderar uma coligação democrática do
mais amplo espectro. A Aliança Democrática reuniu a esquerda não marxista e o
centro esquerda do próprio PSD, a esquerda democrática de origens marxistas com
os dissidentes do PS, os Reformadores de António Barreto e Medeiros Ferreira;
os tradicionalistas do ruralismo e conservadores do Partido Popular Monárquico,
de Ribeiro Telles; o CDS, representante da direita e centro direita, sob a
liderança de Freitas do Amaral e Amaro da Costa. Mereceu a maior adesão e apoio
e suscitou a grande esperança nacional de mudança em progresso económico e
social.
Com Cavaco Silva, dada a desorganização e desmantelamento da direita, o PSD
assumiu a sua natural característica e vocação frentista e liderou sozinho, e
com o maior sucesso, um projecto social democrata, humanista e progressista. A
social democracia absorveu a direita e uma parte não negligenciável do espectro
marxista num projecto que durou vinte anos e gerou as mais amplas maiorias
absolutas para o Governo ou para a Presidência da República.
Com Passos Coelho, o PSD liderou uma coligação que reuniu a direita e o centro direita com o CDS com a esquerda
democrática e centro esquerda representados no PSD. Esquerda democrática, não
marxista, sem preconceitos aliada à direita e ao centro direita, uma coligação
natural, com resultados admiráveis: governo de legislatura a recuperar Portugal
da bancarrota deixada pelo PS e vitória eleitoral na legislatura posterior à
crise.
Valerá a pena revogar a estrutura ideológica do partido só por causa de
modas, campanhas desinformadoras do inimigo, ou preconceitos pessoais e
ideológicos de alguns? Como disse Sá Carneiro, «O P.P.D. é por definição um
partido para o povo. Pela ideologia e pela composição ideológica dos seus
aderentes, o P.P.D. é um partido que não pretende representar nenhuma classe
contra as outras».
E o Povo sempre correspondeu com entusiasmo e apoio a este PSD com ideias e
políticas próprias, humanista e interclassista, democrático, reformista e
progressista construído por Sá Carneiro. Respeitemos a nossa História!
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