Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma OPOSIÇÃO SÉRIA com uma direita coesa e forte mas só encontra alcoviteiras e trailiteiros. Até quando?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

A TENTAÇÃO MAÇÓNICA DE RIO


O «ROSTO» DA DITADURA «SEM ROSTO»

Algum mal-estar no PSD pelas listas de deputados. Nada que não se esperasse, nada a comentar.
Rio defenestrou da zona de influência do PSD o centro direita e uma parte da direita, o CDS, libertando-se de compromissos que iriam «empecilhar» o seu objectivo principal a curto prazo: propôr uma aliança ao PS. Seria estranho um coligado com CDS propôr ao PS uma aliança de governo. O que Rio aprovou foi o contrário das estratégias de Passos Coelho, Sá Carneiro e Cavaco Silva.
Engrossado com o centro e uma parte da direita, Rio não vai concorrer contra o PS na esquerda democrática e centro esquerda, roubando-lhe votos. Rio oferece-se como «complemento» do PS, investe no «basculho» de votos órfãos no centro direita e direita. Concorre contra o CDS. É a vida.
Prevejo um desastre eleitoral sem histórico mas não será a primeira vez que o PSD precisa mesmo de «ir ao fundo» para acordar o seu élan de vitória que se mantém intacto nas profundezas das suas raízes. E, estou certo, Rui Rio pode continuar a aspirar ao alto e prestigiado cargo de vice de Costa.
Triste fim de carreira que, pelos vistos, ataca como um vírus implacável reformados do PSD que, pelo seu passado, bem mereciam um descanso tranquilo mas digno e respeitável!
Os estatutos foram cumpridos e este é apenas o primeiro resultado, repito previsível, da eleição directa de Rui Rio. Normalidade, pois, agora. Agora e depois, contados os votos das urnas! É que os resultados eleitorais não passarão de mera decorrência, segundo resultado, destas eleições directas.
Só me apetece citar o Rui Rio que não dava descanso ao PSD e a Passos Coelho, quando se queixava amargamente em conferência pública junto de maçons como Vasco Lourenço e António Colaço, porventura a conselho de João Tocha, outro maçon de relevo e, ao tempo, seu assessor de comunicação. Dizia Rui Rio: «Estou mesmo a pensar que ainda encontro por aí, ao dobrar da esquina, uma ditadura sem rosto».
Pois é, começa a ter «rosto» essa «ditadura», porventura, essa tentação maçónica inspirada pelo Grande Oriente Lusitano. O ditador, na asserção de Rio, seria Passos Coelho que, aqui para nós, não há memória de ter corrido com 40 por cento do anterior Grupo Parlamentar, nas várias listas de deputados que apresentou!
Bloco Central? Não sei, tenho dúvidas. Rio gostaria muito mas Costa já começou a sua campanha para as próximas Presidenciais. E quem ficar não ajudará Rui Rio a realizar o velho sonho de se entregar ao PS. Incondicionalmente!
É a vida. Já passei por pior!

domingo, 5 de dezembro de 2021

RIO NÃO FAZ OPOSIÇÃO AO PS

 RUI RIO ERRA PONTARIA

VOTOS DISPONÍVEIS ESTÃO À ESQUERDA
E EXIGEM CONTRAPARTIDAS POLÍTICAS
Rui Rio não está mesmo apostado em fazer oposição ao PS.
Este fim de semana foi a prova dos nove. Disse ele que a ministra da Justiça fez "nada". Pois foi, "nada". Mas "nada" era o objectivo declarado pelo primeiro ministro Costa. "Nada" é o que se espera de um partido conservador e reacionário como o PS.
Por isso, este "nada" de Rio é o maior elogio à ministra. Conservou o sistema, as leis, as práticas judiciais e jurisdicionais. Esperar-se-ia que subvertesse o status quo, ferisse o permanente, que incomodasse os interesses instalados em nome do progresso?
Com proclamações destas, do "nada", Rui Rio não excitou, sequer, a curiosidade de quem carece de estímulos à mobilização para sair da indiferença geral. O que é que faltou à ministra fazer e tanta falta faz?
O PSD só poderia vencer as próximas eleições se levantasse a confiança dos abstencionistas de esquerda, direita e centro. Em todos os espectros.
Mas levar a votar quem não vota implica responder à pergunta do que faz falta, transmitir estímulos do que se vai fazer. E estímulos concretos, como propostas de inovação no funcionamento dos hospitais e centros de saúde, programas de segurança social confiáveis, projectos de baixa ou isenção de impostos e taxas de juro às pessoas e empresas e de incentivos ao investimento para criar condições de instalação e desenvolvimento de indústrias geradoras de emprego.
Projectos de estabilidade política, desburocratização, acessos ao interior, garantia de qualidade e do Direito de todos ao ensino, progresso económico e social, compensação dos desequilíbrios regionais, uma vida com dignidade.
Rui Rio não dá respostas, não apresenta qualquer projecto. Pelo contrário, em vez de se opôr a políticas e práticas inertes e corruptíveis da ministra, assinala a política do "nada", a conservação da mediocridade, da baixa qualidade do serviço e do pobre e não consolidado emprego existente. Nada de perspectivas de futuro, nada de oposição nada de mobilização eleitoral.
Se estivesse empenhado em fazer oposição ao PS, Rui Rio mostraria o que a ministra fez e o PS quer esconder. Temas não faltam. A morosidade da Justiça, contradições da rede de Tribunais, demoras na composição de litígios relativos a processos penais, de trabalho, cíveis, de concorrência e recuperação de dívidas, desactualizações do Direito aplicável.
E porquê não assinalar como extremamente grave e negativa para a imagem de Portugal na UE a acção concreta da ministra na corrupção de sistemas concursais para a escolha de um magistrado europeu? Fez "nada" aqui? Falsificar um curriculum de candidato e desprezar a deliberação do júri de um concurso público, sem qualquer justificação, será isto fazer "nada"? Então, quererá Rio dizer que a ministra fez bem por omissão o que objectivamente é comportamento censurável?
Por outro lado, é manifestamente insuficiente o centro político para a formação de uma maioria nova. O PSD sempre foi, e é, um partido da esquerda democrática com forte implantação no centro esquerda.
E será aqui que deverá investir para mobilizar na actual indiferença, recuperar eleitores perdidos pela social democracia para o PS e para a abstenção e, mesmo, reganhar a confiança de eleitores do PS descontentes com a deriva pró comunista, indeterminação ideológica e suas políticas e práticas claramente sectárias, conservadoras ou reacionárias. Sobretudo, descontentes pela abrangência da corrupção que hoje faz parte do ADN socialista.
Mas Rio não está interessado em fazer oposição óbvia ao PS. Não pode incomodar os socialistas, pela simples e pragmática razão de não afastar potenciais amigos. Seria natural confrontar um partido com o qual se pretende fazer alianças? E alianças com o PS é o contrário de fazer oposição ao PS. Basta-lhe o segundo lugar, o que não parece gerador de alternativa verdadeira ao PS, o que parece demasiado conservador e, mesmo reacionário, para se pretender recuperar eleitores na esquerda democrática e centro esquerda. E é aqui que estão os votos disponíveis. Disponíveis mas sob condição da oferta de políticas reformistas, progresso, estabilidade e bem-estar social. Também em eleições "nao há almoços grátis". E a contrapartida são políticas, comportamentos, resultados!
Rui Rio oferece nada, nada de políticas e muito menos alternativas. É pena ... !
Maria Jose Martins, Jorge Simões e 8 outras pessoas
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sábado, 4 de dezembro de 2021

FRANCISCO SÁ CARNEIRO

A ORIGEM DA SOCIAL DEMOCRACIA EM PORTUGAL E DO PSD
(Esta é a minha singela homenagem a Francisco Sá Carneiro, assassinado há 41 anos, em atentado à bomba que deitou abaixo o avião em que seguia para o Porto. As circunstâncias actuais, no Partido que fundou e na conjuntura política que sempre combateu, tornam cada vez mais imperiosa a divulgação da ideologia que o norteou sempre, muito antes do 25 de Abril. Nesse tempo, lutou com coragem pela liberdade, dentro do regime autoritário. Reposta a liberdade com o golpe de Abril, Sá Carneiro fundou o PPD para continuar a sua luta contra o totalitarismo comunista. São bem claros os fundamentos personalistas e humanistas, a combinação do liberalismo com a intervenção do Estado para assegurar a todos a fruição do bem comum, para garantir o acesso dos «bens que a cada um são indispensáveis». É dever de todos os social democratas, dirigentes e militantes, impedir que o sentido ideológico profundo do PSD seja desvirtuado interna e externamente com desvios inconsequentes para a direita ou para o marxismo conservador e reaccionário proposto pelo PS e extrema esquerda.)
Dizia Francisco Sá Carneiro:
«Se se entende por liberal todo aquele que acha indispensável que qualquer solução política respeite as liberdades e os direitos fundamentais da pessoa humana, sou efectivamente um liberal. Se, por outro lado, se limita a concepção de liberalismo ao campo exclusivamente económico e se tem como liberal aquele que preconiza a abstenção do poder político em relação ao campo económico e ao campo social, nesse sentido não sou liberal.
«Entendo que o poder político tem necessariamente de caminhar para uma intervenção cada vez maior no campo económico e social, a fim de fazer com que as pessoas participem todas elas nos bens da comunidade: bens de cultura, bens económicos. O acesso a todos esses bens é indispensável para que a liberdade não fique, como no século XIX, limitada a um mero conceito, que na prática apenas favorecia uma burguesia que podia efectivamente dar-lhe conteúdo económico. Há, pois, que caminhar no sentido de soluções que, se não forem socialistas, serão muito próximo delas, soluções que em muitos sectores serão necessariamente socializantes. Um socialismo que respeite a liberdade e a dignidade da pessoa humana e que seja, portanto, nesse aspecto, um socialismo perfeitamente consentâneo com o personalismo, parece-me indispensável no mundo de hoje. E no próprio esquema capitalista se vão hoje os governos aproximando cada vez mais de soluções socialistas ou socializantes.
«As soluções de que falei, no sentido da intervenção do Poder de Estado no campo económico e social, a fim de estender a todos os bens que a cada um são indispensáveis, não me parecem tão pouco colidir com esse programa, visto que podem efectivamente ser conseguidas dentro de soluções de intervenção do Poder político que respeitem a propriedade privada.
«Os conceitos de catolicismo progressista e de democracia cristã são bastante equívocos para mim - e não aceito enquadrar-me em qualquer deles. Entendo que os partidos políticos - que considero absolutamente indispensáveis a uma vida política sã e normal - não carecem de ser confessionais, nem devem sê-lo. Daí que não me mostre nada favorável, nem inclinado, a filiar-me numa democracia cristã. É evidente que a palavra pode não implicar nenhum conceito confessional e nesse sentido apresentar-se apenas como um partido que adopte os valores cristãos. Simplesmente, em política, parece-me que os valores não têm que ter nenhum sentido confessional e, portanto, se amanhã me pudesse enquadrar em qualquer partido, estou convencido de que, dentro dos quadros da Europa Ocidental, comummente aceites, iria mais para um partido social-democrata».
(Entrevista ao jornal «República», 15/12/1971 – três anos antes do 25 de Abril)
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Maria Tomás