RUI RIO ERRA PONTARIA
VOTOS DISPONÍVEIS ESTÃO À ESQUERDA
E EXIGEM CONTRAPARTIDAS POLÍTICAS
Rui Rio não está mesmo apostado em fazer oposição ao PS.
Este fim de semana foi a prova dos nove. Disse ele que a ministra da Justiça fez "nada". Pois foi, "nada". Mas "nada" era o objectivo declarado pelo primeiro ministro Costa. "Nada" é o que se espera de um partido conservador e reacionário como o PS.
Por isso, este "nada" de Rio é o maior elogio à ministra. Conservou o sistema, as leis, as práticas judiciais e jurisdicionais. Esperar-se-ia que subvertesse o status quo, ferisse o permanente, que incomodasse os interesses instalados em nome do progresso?
Com proclamações destas, do "nada", Rui Rio não excitou, sequer, a curiosidade de quem carece de estímulos à mobilização para sair da indiferença geral. O que é que faltou à ministra fazer e tanta falta faz?
O PSD só poderia vencer as próximas eleições se levantasse a confiança dos abstencionistas de esquerda, direita e centro. Em todos os espectros.
Mas levar a votar quem não vota implica responder à pergunta do que faz falta, transmitir estímulos do que se vai fazer. E estímulos concretos, como propostas de inovação no funcionamento dos hospitais e centros de saúde, programas de segurança social confiáveis, projectos de baixa ou isenção de impostos e taxas de juro às pessoas e empresas e de incentivos ao investimento para criar condições de instalação e desenvolvimento de indústrias geradoras de emprego.
Projectos de estabilidade política, desburocratização, acessos ao interior, garantia de qualidade e do Direito de todos ao ensino, progresso económico e social, compensação dos desequilíbrios regionais, uma vida com dignidade.
Rui Rio não dá respostas, não apresenta qualquer projecto. Pelo contrário, em vez de se opôr a políticas e práticas inertes e corruptíveis da ministra, assinala a política do "nada", a conservação da mediocridade, da baixa qualidade do serviço e do pobre e não consolidado emprego existente. Nada de perspectivas de futuro, nada de oposição nada de mobilização eleitoral.
Se estivesse empenhado em fazer oposição ao PS, Rui Rio mostraria o que a ministra fez e o PS quer esconder. Temas não faltam. A morosidade da Justiça, contradições da rede de Tribunais, demoras na composição de litígios relativos a processos penais, de trabalho, cíveis, de concorrência e recuperação de dívidas, desactualizações do Direito aplicável.
E porquê não assinalar como extremamente grave e negativa para a imagem de Portugal na UE a acção concreta da ministra na corrupção de sistemas concursais para a escolha de um magistrado europeu? Fez "nada" aqui? Falsificar um curriculum de candidato e desprezar a deliberação do júri de um concurso público, sem qualquer justificação, será isto fazer "nada"? Então, quererá Rio dizer que a ministra fez bem por omissão o que objectivamente é comportamento censurável?
Por outro lado, é manifestamente insuficiente o centro político para a formação de uma maioria nova. O PSD sempre foi, e é, um partido da esquerda democrática com forte implantação no centro esquerda.
E será aqui que deverá investir para mobilizar na actual indiferença, recuperar eleitores perdidos pela social democracia para o PS e para a abstenção e, mesmo, reganhar a confiança de eleitores do PS descontentes com a deriva pró comunista, indeterminação ideológica e suas políticas e práticas claramente sectárias, conservadoras ou reacionárias. Sobretudo, descontentes pela abrangência da corrupção que hoje faz parte do ADN socialista.
Mas Rio não está interessado em fazer oposição óbvia ao PS. Não pode incomodar os socialistas, pela simples e pragmática razão de não afastar potenciais amigos. Seria natural confrontar um partido com o qual se pretende fazer alianças? E alianças com o PS é o contrário de fazer oposição ao PS. Basta-lhe o segundo lugar, o que não parece gerador de alternativa verdadeira ao PS, o que parece demasiado conservador e, mesmo reacionário, para se pretender recuperar eleitores na esquerda democrática e centro esquerda. E é aqui que estão os votos disponíveis. Disponíveis mas sob condição da oferta de políticas reformistas, progresso, estabilidade e bem-estar social. Também em eleições "nao há almoços grátis". E a contrapartida são políticas, comportamentos, resultados!
Rui Rio oferece nada, nada de políticas e muito menos alternativas. É pena ... !
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