A história dos nossos partidos tem sido feita de ruidosas ondas de perturbação que os respectivos adversários em cada momento relevaram como a mais grave crise de sempre. Em certos casos, chegou mesmo a vaticinar-se a sua morte lenta.
No PS, desde Manuel Serra a Aires Rodrigues, Lopes Cardoso e António Barreto passando por Salgado Zenha, Rui Mateus, Sousa Tavares e Medeiros Ferreira, entre muitos outros, quantas e quão tamanhas foram as crises que lhe ameaçaram a identidade originária?
Não são mera retórica de conveniência e, muito menos, ficção política o velho sonho de maioria de esquerda com o PCP ou as pragmáticas coligações de governo, primeiro com o CDS e, depois, com o PSD, nem a supremacia interna de grupos esquerdistas liderados pelo ex-MES Jorge Sampaio ou dos católicos direitistas de Guterres, o exílio em Nafarros de Mário Soares, o esvaziamento com a criação do PRD, o desmembramento em dois nas últimas eleições presidenciais e o actual confronto entre os nostálgicos do soarismo, os puristas de Manuel Alegre e os anti-socialistas de Sócrates, sempre com os guterristas infiltrados em uns e outros mas vigilantes e à espera da melhor oportunidade.
E o CDS?
Não perdeu, para os senhores da opinião comentada, a sua identidade com a morte de Adelino Amaro da Costa, a fuga de Freitas do Amaral, a morte de Lucas Pires e o abandono de Adriano Moreira ou a aventura de Manuel Monteiro, a inércia de Ribeiro e Castro e cavalgada de Paulo Portas ou a transferência de Maria José Nogueira Pinto para os palcos das conveniências?
E o PCP?
Quem ousaria apostar na sua sobrevivência ao decesso do comunismo?
E quanto ao PSD?
Quantos não o viram desmembrado e transformado em pequenas sensibilidades dos outros partidos, depois das dissidências de Emídio Guerreiro, Sá Borges, Mota Pinto, Magalhães Mota, Cunha Leal e Sousa Franco, Helena Roseta, Loureiro Borges! Ou depois do sonho de Pinto Balsemão que chegou a lutar pela integração do partido no PS de Mário Soares e a conversão de ambos num grande partido social democrata! Ou depois das crises de Rui Machete, João Salgueiro, Menéres Pimentel! Mas, e sobretudo, quem se atrevia a garantir a subsistência do PSD após a morte de Francisco Sá Carneiro?
Caminhos de crises sucessivas, juras de extinção, elaborações profundas mas, sempre, rotundos falhanços na manipulação de consciências, erros grosseiros na avaliação dos factos e desastrosa previsão das consequências.
E os partidos aí estão, menos tisnados e barbudos ou mais desbotados, precisamente onde sempre estiveram, no mesmo local, a ocupar o exacto espaço que escolheram no momento da sua fundação.
Repete-se, hoje, com o PSD a história de sempre.
Crise no PSD?
Só porque os militantes passam a pagar quotas nas secções?
Por causa de um qualquer azul de fundo que realça o laranja oficial e permanente?
E porque um grupo de antigos secretários-gerais e candidatos actuais a barões escreveu uma carta, dirigida à direcção nacional mas endereçada à comunicação social?
E porque a direcção nacional respondeu à letra?
Como é triste a pobreza de espírito de tantos jornalistas e comentaristas, completamente vulneráveis e à mercê de qualquer ideia estranha ou estratégia alheia!
Como é lamentável assistir a tanta frustração acumulada nas hostes políticas que, por vontade própria, abandonaram a linha da frente para se refugiarem no conforto da retaguarda!
Crise?!
Mas isto será mesmo crise ou é crise inventada por um aparelho de contra-propaganda em pânico perante o vazio de resultados que torna deplorável a celebração do terceiro aniversário do governo de Sócrates?
1 comentário:
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