Há lapsos sem explicação.
Há dias escrevi um texto de apoio à candidatura de Paulo Rangel.
O título era «Eu voto Paulo Rangel … contra o impasse nacional».
Dizia eu que o candidato me tinha renovado o velho entusiasmo e vontade de participar na acção política.
Identificava-me como um velho entusiasta de trinta e seis anos e oito meses de militância no PSD.
Enganei-me, vá-se lá saber porquê … até porque seria mais antigo que o próprio PPD!
Não são trinta e seis anos mas exactamente trinta e cinco anos e sete meses – precisamente desde Agosto de 1974.
Apenas um mês ou dois de diferença do apoiante de Passos Coelho, Fernando Costa das Caldas da Rainha …
No texto de apoio, não fazia referência mas talvez seja oportuno esclarecer que este meu novo entusiasmo resultou de, em directo e ao vivo, ter assistido à intervenção de Paulo Rangel numa sessão de campanha nas últimas eleições legislativas.
Fiquei surpreendido.
Até aí tinha acompanhado o PSD, na campanha para as eleições europeias, através da comunicação social e dos seus comentaristas habituais, especialmente das televisões.
E a imagem que traziam era pouco mais que deplorável: fait divers, passeatas em ruas desertas, ausência de discurso político, confusão na comitiva, enfim, uma sucessão de corridas sem meta nem público, uma fila de jornalistas interessados nas parvoíces do socialista Vital Moreira – era um vazio político numa campanha sem alma perante um público indiferente.
Custava-me acreditar no que via nas televisões e decidi ver.
E percebi então que andava a ser enganado.
Afinal, o velho PPD estava ali a vibrar, com um programa político para os tempos modernos, a enfrentar o presente e desenhar o futuro, com a coragem de sempre, a mesma humildade, sentido de responsabilidade e jovialidade, a falar para todos nós, todos iguais independentemente da condição ou idade.
Paulo Rangel mostrava uma personalidade enérgica e determinada, mobilizadora e de raras sensibilidade e capacidade para interpretar as principais ansiedades da população portuguesa.
O PSD tinha um projecto de sociedade reformador, fundado na liberdade, no humanismo e personalismo e um discurso político forte e coerente, feito de ideias sustentadas, claro, transparente, dirigido às pessoas e não a interesses organizados instalados.
A comunicação social e, em particular, as televisões andaram a enganar-me e, pelo percebi do congresso, enganaram também Fernando Costa, velho militante e actual presidente da Câmara das Caldas da Rainha.
Vale, pois, a pena, nestas coisas das campanhas do PSD, ir ver e ouvir directamente porque, através da comunicação social, tal como está, ninguém obterá o esclarecimento mínimo do que se vai passando e dizendo.
No próprio congresso, que se esqueceu de analisar o papel da comunicação social, em particular das televisões, na vitória eleitoral do PS e derrota do PSD, assisti a uma grosseira deformação da informação e manipulação das tendências de apoios aos candidatos: segundo a TVI 24, acabava de se saber que o PSD Madeira apoiava Passos Coelho – e isto foi dito precisamente depois de Alberto João Jardim ter mostrado o seu apoio a Paulo Rangel e alguns segundos após Guilherme Silva ter dito claramente que a Madeira apoiaria Rangel.
E não consigo perceber também porque é que se omite o apoio a Paulo Rangel do histórico e referência social, política e profissional do Porto, Miguel Veiga, talvez a primeira personalidade a pronunciar-se?!
Não há nada fazer … ou, melhor, talvez haja!
Sem comentários:
Enviar um comentário