José Sócrates tem toda a razão quando afirma, do alto da sua pesporrência, que o Orçamento do Estado passou na Assembleia da República sem qualquer cedência para defender o sentido de responsabilidade do Estado.
Isto é, qualquer cedência face às propostas da oposição seria uma perigosa irresponsabilidade.
O Mundo que sabe fazer contas está agora a dar-lhe a resposta devida e Portugal atinge uma situação equiparável a uma espécie de pré-falência em consequência da conjugação das políticas orçamentais, agravamento do endividamento e risco da dívida e ausência de perspectivas de recuperação económica.
Os mercados têm reagido às políticas governamentais que arrastam Portugal para uma crise sem precedentes e não a Portugal enquanto Estado.
Parece, pois, que a origem da desconfiança em relação a Portugal não é mais do que uma total desconfiança face ao governo que conduz Portugal.
Do que Portugal precisa é de mudar de governo e de política.
Tal como em relação à Grécia, certamente que depois da mudança a chanceler alemã deixará de avisar que, enquanto não se adoptarem práticas de poupança, enquanto não nos mostrarmos conscientes das nossas capacidades e enquanto não formos honestos ninguém nos poderá ajudar.
Este é o primeiro problema: os resultados da administração de mais de cinco anos de Portugal dão o sinal claro de que o «conselho de administração» não quer nem tem capacidade para mudar as tendências de deslize no sentido da falência e os «accionistas e credores» só acreditarão na recuperação depois de removerem e substituirem os responsáveis pela crise.
O «novo» PSD dá mostras de não entender esta «opinião» dominante.
E, em vez de deixar o tal «conselho de administração» perante as suas próprias responsabilidades exigindo a sua remoção, parece mais apostado na manutenção da máquina que liga o doente a uma vida precária, periclitante e perigosa.
Pelos vistos, o «novo» PSD prefere «trocar mimos com o doente» que não o ouve a «falar» sobre o necessário tratamento de choque com quem precisa e o quer ouvir.
Será que o PSD acha que se afirma como alternativa credível, geradora de confiança e esperança, ao emprestar-se como muleta do coxo, ao dar-se como baforada de oxigénio ao moribundo, ao oferecer-se como bóia de salvação do náufrago?
Duvido muito que a Europa e o Mundo, mas em particular Portugal, algum dia possam «agradecer» ao PSD se, dependendo de si próprio, o desacreditado «conselho de administração» se mantiver incólume, a enganar os «accionistas» e a afundar a empresa.
Definitivamente, o «novo» PSD, afinal, parece mais interessado em mostrar-se um «bom rapaz» do que em assumir o objecto primeiro e último de qualquer partido político: consolidar a sua legitimidade popular e governar.
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