A FICÇÃO COMUNISTA DA ESQUERDA/DIREITA
É velha esta tentação marxista de reduzir e dividir a sociedade entre esquerda e direita. É a terminologia comunista e socialista, convenientemente adoptada pelas TVS e outros agentes de propaganda marxista, estranhamente, aceite ou não esclarecida pela actual direcção e alguma militância informal do PSD.
Socialistas e comunistas vivem essa (e dessa) ficção de um dualismo serôdio e contraditório em que a alegada esquerda não é esquerda pelas suas práticas e a direita é maioritariamente de esquerda pela sua raiz sociológica e ideológica e pelas suas políticas e práticas.
Esta simplificação vem do advento da democracia. Desde a revolução, o PC identifica esquerda com democracia, arvora-se em vanguarda dessa «élite» e ousa mesmo convidar o primo afastado, o PS, para aderir à sua «democracia», à submissão a eles próprios.
O totalitarismo funciona assim: de um lado a «esquerda», do outro a «direita»; de um lado o paraíso, do outro a excrescência social, em vias de eliminação, pela sua própria natureza de excrescência.
É evidente que a expressão popular mostrou leitura completamente distinta. Os resultados das primeiras eleições definiram o centro político como o maior espaço eleitoral, estabeleceram na social democracia a sua ideologia dominante e consagraram o PPD como a a força titular, com maior potencial de crescimento a nível nacional.
Uma afronta dos cidadãos às tentações dirigistas dos comunistas!
A social democracia passou a «principal inimigo» dos extremos e a prova viva de que o dualismo esquerda/direita, mera ficção da contrainformação marxista, nada tinha a ver com a realidade sociológica e ideológica da sociedade portuguesa.
Com o PC à beira de extinção e a extrema esquerda no limite do seu potencial, o PS assume agora essa narrativa de divisão esquerda/direita, curiosamente com a adesão e aplausos da ingénua direita inorgânica e a expectativa da direita orgânica, eternamente interessada no emagrecimento e descaracterização política do centro.
SÁ CARNEIRO: O NOSSO ESPAÇO
Já Sá Carneiro avisava em 1975:
«A contestação do carácter social-democrático do nosso partido, por parte do PS, visa obter vago um espaço político, que é o espaço social-democrático. Na verdade, o espaço que ocupamos é muito claro, como clara é a nossa proposta social-democrata, quer em termos de programa, quer em termos de actuação, quer em termos de base social de apoio. Simplesmente, e na medida em que a social-democracia é a via que melhor convém ao nosso país, ela é contestada por forças como o Partido Socialista e o próprio CDS, que desejam ocupar, segundo parece já numa perspectiva eleitoralista, o nosso espaço próprio».
Mais tarde, Mota Pinto reafirmou o seu apego político ao centro declarando que Portugal era governável contra os comunistas; Sá Carneiro, mostrou a impotência marxista perante um centro agregador da direita democrática e da esquerda democrática, com a AD representada pelo PSD, o grupo dissidente do colectivista PS, os Reformadores, o CDS na direita e o PPM anti-regime e comunalista; e, mais tarde ainda mas em coerência, todos nos lembramos dos dez anos de maiorias absolutas do PSD com Cavaco Silva bem como a vitória em duas eleições sucessivas da PAF de Passos Coelho, a aliança da esquerda e da direita representadas pelo PSD e CDS.
A esquerda democrática e reformista, a Vida, Liberdade e Igualdade, alargou com anemia progressiva da «esquerda marxista», liderou o centro e neutralizou o colectivismo opressivo das correntes marxistas do PC e do PS.
CAVACO SILVA: UM PARTIDO INTERCLASSITA
A autonomia desta esquerda não colectivista, conteúdo do centro político, é representada pela social democracia e emerge da natureza fundadora do PPD/PSD. Como recorda Cavaco Silva citando Mota Pinto e Sá Carneiro, o PSD era «um partido interclassista com uma base de apoio que incluía operários, trabalhadores rurais e empresários, agricultores, comerciantes e funcionários públicos, artistas, cientistas e profissionais liberais, jovens e idosos, um partido que defendia «uma sociedade sem distinção de classes», como dizia Sá Carneiro». Maioritariamente gente que «subiu na vida a pulso»!
O PPD nasceu no centro, na esquerda sociológica de vocação e práticas reformistas com intenso sentido de libertação do homem e da sociedade. E até o próprio dualismo esquerda/direita terá contribuído como impulso reactivo para a autonomização política do centro. Não corresponde à realidade social de Portugal esse dualismo de origem marxista esquerda/direita. Só convém ao totalitarismo comunista e à direita eternamente interessada no desmantelamento e dissipação do centro.
O PARASITA E O HOSPEDEIRO
O PC extingue-se paulatinamente à medida que o centro cresce mas continua a orientar, fiscalizar e proteger o sucedâneo, o PS de Costa. Foi criação do PC a solução da geringonça como meio de afastar do Poder a vontade popular e vemos hoje, perante a grave crise do SEF, que os comunistas são a única força partidária que não reclama a demissão do ministro Cabrita. Não é certamente pelos olhos do Cabrita mas, sim, pela preservação do governo marxista, prevenindo fragilidades e crises de existência do governo, cujas políticas controlam via Assembleia da República.
Curioso mas perceptível, o velho hospedeiro do parasita PS alimenta-se hoje, exclusivamente do sangue do parasita! Por isso o PC não deixa esgotar o sangue do parasita!
O PC começou em democracia com 12,5 por cento em 1975 para acabar em 2019 com 6,3 por cento e um score de 3,95 por cento em eleições para a chefia do Estado. S´om governo do PS, e deste PS, assegura a sobrevivência do PC.
Tal como nos tempos de Sá Carneiro, o que assusta comunistas/socialistas e intimida a direita é a permanência do centro político forte e a sua consolidação como força activa e de convicções firmes … agregadora em coligações e alianças das correntes à direita que se mostrem necessárias à salvaguarda dos apetites do totalitarismo marxista.
Em conclusão: há o espaço do totalitarismo com o BE e PC; conservador marxista com o PS; esquerda democrática/centro com o PSD, direita com o CDS e o Chega e IL que oscilará entre a esquerda democrática e a direita. E não vale a pena socialistas e comunistas, todo o aparelho de contrainformação, TVS e ingénuos do costume esforçarem-se tanto que nunca conseguirão acabar com o centro e a classe média. Não conseguiram na Coreia do norte, em Cuba nem na antiga URSS! Não conseguirão na sociedade portuguesa.