Dizia esse preclaro democrata, Ferro Rodrigues: "há uma grande maioria neste parlamento que quer celebrar o 25 de Abril e vamos celebrar o 25 de Abril neste parlamento".
Bom, a questão não é corporativa, o que cada grupo ou tertúlia quer, o que se quer em cada paróquia ou o que convém ao padrinho e sua família. A coisa é mais abrangente e imperativa quando se trata de regime imposto, regra, autoridade do Estado. O Estado decretou estado de emergência, confinamento obrigatório, excepto em situações muito específicas e discriminadas na lei.
Uma das proibições mais intensamente vigiadas é a reunião de mais de duas pessoas em recinto fechado e a AR não está no elenco de excepções.
A Democracia também trouxe aos cidadãos o direito de culto religioso, de celebrar os seus aniversários, a amizade entre amigos e, até, a saudade e respeito na despedida dos seus familiares mortos. Mas a lei impõe contenção a todos, cidadãos, deputados, a Ferro Rodrigues. Eu próprio já adiei a minha celebração da Liberdade e evocação da consolidação de Abril em Novembro.
Eu sei que o ex-líder do PS, agora presidente da AR, nunca teve apreço pela lei, designadamente por institutos jurídicos que nos impõem igualdade na contenção e respeito, como o solene "segredo de justiça", eu sei mas sempre insisto em lembrar-lhe que o fascismo é que criava privilégios para alguns e igualdade de deveres para os outros, todos os outros. Gente especial acima da lei era coisa fascista, de burgueses endinheirados, acolitados no Poder. O 25 de Abril veio precisamente tornar todos iguais, os dos corredores do Poder e os pobres mortais, o que querem Páscoa e os que querem festa na AR. Se é proibido reunir todos estão obrigados a não reunir aos domingos, no dia de Páscoa, no Natal, nos anos e no funeral, no 10 de Junho ou no 25 de Abril. Depois de Abril, também o "Sol nasce para todos"! E as leis também, obrigam todos!
Sem comentários:
Enviar um comentário