O PSD continua a «acreditar» na bondade da comunicação social.
Insiste em deixar que impunemente falem por si «ilustres» candidatos ao «baronato», livre e criteriosamente seleccionados pelos editores das TV's para a função de comentaristas.
Persiste em consentir ser representado em actos internos, como mesas de voto, por gente que apenas sabe exibir a sua arrogância e total ausência de princípios básicos da mais elementar cortesia.
O PSD não desiste de pensar que ainda está no governo.
Aceitou que a parte pública do debate do Orçamento do Estado fosse convertida em mero duelo entre duas pessoas, pequenas vinganças e lamentáveis «corridas de 100 metros com barreiras» que ora «correm» mal ora «correm» bem.
O PSD não exige que os ministros se comportem como representantes do Estado e não como militantes de secção de bairro do PS ou «claque» futebolística que releva, com prejuizo do debate político, a presença ou ausência de deputados no hemiciclo.
O PSD ainda confia na comunicação social e o resultado está à vista: toda a gente está convencida que o balofo e mero basófias sem categoria ou dignidade de Estado, Sócrates, «venceu» e que Santana Lopes se foi «abaixo»; ninguém sabe o que defendeu ou criticou o PSD.
E, no entanto, a grande oportunidade de arranque esteve aí.
Mas perdeu-se, lamentavelmente.
Quando é que alguém convence Luis Filipe Menezes de que, além e paralelamente ao trabalho parlamentar, o PSD não pode deixar de mobilizar meios próprios para se afirmar como a alternativa à miséria geral a que discreta e paulatinamente o PS está a conduzir Portugal?
Porque não organizou uma conferência nacional, não apenas para a imprensa, em que os economistas, juristas, sociólogos e académicos social democratas anunciassem as novas políticas e desmontassem a grande mistificação socialista?
Quantas reuniões foram organizadas, por esse país fora, de autarcas, trabalhadores, empresários, jovens, militantes onde especialistas conceituados dissecassem a monumental e contraproducente manipulação financeira do governo e consolidassem a alternativa de desenvolvimento, progresso e justiça social?
Bastará ao PSD, nos tempos que correm e nas actuais circunstâncias de controlo governamental da comunicação, as portas fechadas da Assembleia da República, o impante Pacheco Pereira, a pobre Helena Lopes da Costa ou o emproado Passos Coelho que, curiosamente, até deixa sem palavras e completamente babado de contentamento o inefável João Soares, essa inutilidade pública, talvez a maior, que por aí continua a circular com pesporrência crescente em grau proporcional às derrotas eleitorais que acumula?
Sempre, nos momentos de isolamento, o PSD venceu saindo da concha.
Releiam Sá Carneiro e, por exemplo, o seu «Impasse», ou revejam a campanha de Cavaco Silva e Eurico de Melo para a vitória na Figueira da Foz e reconquista da confiança dos eleitores.
Inspirem-se e acreditem que não vale a pena «inventar a roda».