Vi e não queria acreditar, no dia em que os jornalistas cumpriam a nobre missão «sugerida» pela contra-informação oficial de criar fortes emoções e tensão à volta da proposta de lei do Orçamento do Estado.
Anabela da SIC, uma das jornalistas mais destacadas como agente de Sócrates, cirandava, de «maroto olho vivo», pelos corredores da Assembleia da República.
Ela tinha uma missão: vigiar se algum deputado se prestava a declarações antes de a proposta de lei ser entregue ao Presidente da Assembleia da República.
Era preciso assegurar que toda a glória da apoteose se concentrasse no Ministro das Finanças.
E, ao espreitar na esquina de um corredor já a noite ia longa, eis que depara com o grave «furo do esquema»: um deputado falava com uma outra jornalista, sabe-se lá de que perigoso orgão de comunicação social.
Lesta e «sem papas na língua», aí vai a Anabela da SIC directa aos infractores, acaba com a conversa alheia e atira certeira e em directo ao deputado do Bloco de Esquerda: olhe lá, o que é que está aqui a dizer? Já conhece o orçamento? Olhe que ele ainda não foi entregue! Como é que pode pronunciar-se sobre uma coisa que ninguém conhece?
O jovem deputado, coitado, lá balbuciou umas coisas, que tinha notícias que iam saindo pela agência Lusa … e pronto, acabou por se retirar, humilde, envergonhado e obedientemente, desaparecendo na escuridão de outro corredor.
E, assim, a noite ficou toda por conta do Ministro das Finanças …
Bom trabalho o da Anabela da SIC.
É, certamente, resultado da «escola Santos Silva» que, durante os quatro anos do seu anterior governo, não deixou Cavaco Silva um minuto sem vigilância revolucionária … não fosse o Presidente eleito fazer o golpe de Estado que Santos Silva jurou que Cavaco Silva faria se fosse eleito.
Bom trabalho, também, nesses tempos de enorme tensão democrática.
Cavaco Silva não fez o golpe de Estado e Santos Silva controla agora as Forças Armadas como Ministro da Defesa.
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