Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma direita coesa e forte mas o segundo é que a direita também precisa de um PSD vivo e confiável! Até quando?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Paulo Rangel e a docilização do PSD

Teria sentido o apelo de Alexandre Relvas de fusão das candidaturas de Paulo Rangel e Aguiar Branco se o PSD fosse uma federação de facções ideológicas, de base territorial ou de natureza classista.
Do ponto de vista filosófico, sociológico ou antropológico sempre o PSD se afirmou unido.
Valores como a liberdade e igualdade de oportunidades jamais foram controvertidos em qualquer secção do partido e não há notícia de polémicas sobre a função complementar e reguladora do papel do Estado.
Não se discutem, do mesmo modo, princípios como a tolerância ou a moderação porque eles são integradores da cultura do PSD; e nunca nele deixou de se afirmar a vocação e capacidade de mudança como corolário natural da sua qualidade de partido reformista.
O que sempre esteve em causa no PSD foi a questão do estilo da intervenção política.
Mais sensibilidade a conveniências sociais artificialmente criadas e interesses externos conduziram sempre o partido a imagens como a falta de ideias, medo, incapacidade de liderança de expectativas de mudança.
Ninguém, nesses tempos de «boa educação» ou «urbanidade citadina» enalteceu o PSD como partido da tolerância e da moderação.
Bem pelo contrário: sucederam-se as humilhações, a manipulação vulgarizadora do discurso social democrata, a falta de respeito intelectual pelos candidatos e apoiantes, o desprezo pelos programas e acções desenvolvidas pelo partido.
Foram (e são) os tempos da docilização do partido que só conduziram a tristes intervalos numa oposição apagada, vergada a falsos preconceitos como o «sentido de responsabilidade de Estado» ou subjugada a artifícios como «os superiores interesses do Estado».
É nesta questão de estilo que a candidatura de Paulo Rangel mostra diferenças substanciais.
A frontalidade na afirmação do partido, exigência de respeito, a intransigência na proclamação dos valores, princípios e orientações políticas próprias do PSD dar-lhe-ão, desde logo, a admiração dos militantes e eleitores, geradora do entusiasmo mobilizador susceptível de encarnar a vontade e o espírito da mudança imprescindível ao desenvolvimento e dignificação do País.
O partido deixará de ser um partido dócil e ninguém se atreverá a intimidá-lo nem a distinguir, de forma insidiosa, os interesses nacionais dos interesses defendidos e prosseguidos pelo PSD.
Porque o partido voltará a ter a independência de quem sabe o que quer, a ser igual a si próprio sem medos nem preconceitos, a representar a consciência nacional crítica e criadora que fez dele o partido mais português, como já diziam os «falcões» ou os «rurais» nos velhos tempos de combate contra o impasse, contra a descaracterização ideológica e sociológica, contra a docilização do líder e do partido.

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