Criou-se um grupo de mulheres em torno
da candidatura de Rui Rio que se julgam as pioneiras do activismo político, do
esmagamento da clássica superioridade do vilão homem e da imposição da verdade
na política. À míngua de esclarecimento em contrário, estas mulheres, enérgicas
e assanhadas militantes, representam a candidatura de Rui Rio. Em boa análise limitam-se
a fazer eco das injúrias e difamações lançadas pelo candidato Rui Rio, a
difamar e insultar o candidato adversário e seus apoiantes e a cortar qualquer
linha de propaganda eleitoral de Luis Montenegro. Essas mulheres, sexistas
ameaçadoras do equilíbrio social, actuam
em emboscada permanente, autêntica brigada feminista sempre prontas para os
encómios mais surpreendentes a tudo o que respeita a Rui Rio. São guerrilheiras
da virtude, “passionaras” da revolução contra as vigarices e a maçonaria. São
as “passionaras” e os “Julian’s” dos tempos novos.
O estranho é que estas mulheres, que
contestam as MSD e suas iniciativas de moderação e debate das mulheres sociais
democratas com as candidaturas do PSD, chegaram muito tarde.
Quando entrei para o PSD, em 1974 (sou
o militante número 242) já lá estavam muitas mulheres, militantes de base e
dirigentes, simples trabalhadoras voluntárias ou oradoras ideólogas e propagandistas
da mensagem do novo PPD. Eram mulheres e raparigas sem qualquer preconceito
sexista, debatiam ideias, definiam estratégias e executavam acções no partido,
nas empresas e repartições, engrossavam os comícios e participavam activamente
nas sessões de colagem de cartazes na rua e praças, sob a vigilância e em
confronto com os comunistas. As mulheres do PSD controlavam ou participavam nas
associações de estudantes, defendiam a social democracia em comissões de
trabalhadores ou pró comissões de sindicatos. No 25 de Novembro era eu membro
de uma comissão de trabalhadores, muito activa na contra revolução e defesa da
Liberdade e do Pluralismo e influente no sector da Informação; a maioria dessa
comissão era de mulheres.
Nesse tempo não me lembro de queixumes
sexistas daquelas companheiras, pelo contrário, punham-se na vanguarda, arregaçavam
as mangas e erguiam os dois dedos de vitória com tanto orgulho e determinação como
qualquer homem.
As senhoras e meninas sexistas não
saíam de casa. Espreitavam os homens pelas frestas das janelas, frequentavam os
clubes de rendas e bordados, os salões de chá e as salas de costura ou os
tanques de lavagem da roupa, onde se distraíam a lamentar as maldades e as
belezas desse bicho que se lhes oferecia tão horrível quanto apetitoso: o
homem, esse vilão.
Mas estas não se misturavam com as
mãos deformadas de calos da caneta ou do martelo, tapadas por espesso óleo ou
queimadas por resquícios de cimento armado.
Enfim, só peço à brigada feminina: não
deixe que as “passionaras” de Rui Rio e seus “Julian’s” transformem o PSD num
salão de chá e queques para meninas, primos e tias temerosas do
"superior" vilão.
O PSD nunca foi isso. Nesse tempo
projectávamos o PPD, defendíamos soluções democráticas e progressistas com
rejeição total de inspiração marxista comunista ou do PS; por isso éramos sociais
democratas e humanistas, não centristas, convictamente de esquerda. E ainda
sou, hoje ... apesar de Rui Rio e suas “passionaras”!
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