O PSD nunca se confundiu com a direita mas nunca teve
dificuldade em atrair para os seus projectos a direita portuguesa. Não é um
partido de direita muito menos a direita. Adversário e concorrente do PS, o PSD
rejeita o marxismo e renega qualquer possibilidade de aliança com o PS. As
vagas experiências de acordos com o PS revelaram-se desastres para a economia e
democracia portuguesas e mostraram bem a incompatibilidade cultural e politica
entre PSD e PS.
Que política de alianças deve o PSD começar a preparar e
testar perante o Povo?
Com Francisco Sá Carneiro, o PSD soube liderar uma coligação
democrática do mais amplo espectro. A Aliança Democrática reuniu a esquerda não
marxista e o centro esquerda com o próprio PSD, a esquerda democrática de
origens marxistas com os dissidentes do PS, os Reformadores de António Barreto
e Medeiros Ferreira; os tradicionalistas do ruralismo e
conservadores do Partido Popular Monárquico,
de Ribeiro Telles; o CDS, representante da direita e centro direita, sob a
liderança de Freitas do Amaral e Amaral da Costa. Mereceu a maior adesão e
apoio e suscitou a grande esperança nacional de mudança em progresso económico
e social.
Com Cavaco Silva, o PSD assumiu a sua natural característica
e vocação frentista e liderou sozinho e com o maior sucesso, um projecto social
democrata, humanista e progressista. Durou vinte anos e gerou as mais amplas
maiorias absolutas para o Governo ou para a Presidência da República.
Com Passos Coelho, liderou uma coligação de direita e centro
direita com o CDS até à esquerda democrática e centro esquerda representados no
PSD. Esquerda democrática, não marxista, sem preconceitos aliada à direita e ao
centro direita com resultados admiráveis: governo de legislatura a recuperar
Portugal da bancarrota deixada pelo PS e vitória eleitoral na legislatura
seguinte à crise.
Valerá a pena revogar a estrutura ideológica do partido só
por causa de modas, campanhas desinformadoras do inimigo, ou preconceitos
pessoais e ideológicos de alguns? Como disse Sá Carneiro, «O P.P.D. é por
definição um partido para o povo. Pela ideologia e pela composição ideológica
dos seus aderentes, o P.P.D. é um partido que não pretende representar nenhuma
classe contra as outras».
E o Povo sempre correspondeu com entusiasmo e apoio a este
PSD com ideias e políticas próprias, interclassista, democrático e progressista
construído por Sá Carneiro. Respeitemos a nossa História.