Resposta simples: falta de confiança.
Não me digam que Marcelo não estava interessado porque, mal Sá Carneiro foi morto, aceitou com entusiasmo infantil o cargo de ministro no governo precário posterior, chefiado por Francisco Pinto Balsemão, o proprietário do também famigerado semanário Expresso.
Episódios há muitos, desde as manobras de 1975 para criação de facções internas e entrega do PPD ao PS, mas um marcou, decisivamente, o seu carácter perante Sá Carneiro.
Aconteceu em 1978.
Marcelo Rebelo de Sousa traiu Sá Carneiro e quis apanhar o Congresso do Porto distraído. Estava em causa o governo de coligação PS/CDS: Marcelo queria que o PSD apoiasse selectivamente e Sá Carneiro, por «exigência da regra da clareza da democracia», defendia que a «oposição só lhe devia dar votos se concordasse 100 por cento com as suas posições».
Em entrevista ao Comércio do Porto o líder social democrata explicou:
"C.P." - A "moção Rebelo de Sousa" foi previamente concertada consigo?
S.C. - A "moção Rebelo de Sousa" não foi, directa ou indirectamente concertada comigo. Constituiu, pelo contrário, completa surpresa para mim, já que ninguém dela me falara.
Em entrevista ao semanário “Tempo”, Sá Carneiro explicou mais detalhadamente a manobra do Marcelo:
«Creio que não houve logro nem ludíbrio. Quando acabei de falar, e fui eu o primeiro orador, fui surpreendido com a apresentação da moção de Marcelo Rebelo de Sousa. Não é habitual apresentar moções antes de se ter visto formado um certo consenso sobre pontos a consagrar. Ora, na altura, nenhum houvera já que, até aí, só eu falara e a simples leitura da moção deixara ver divergências em relação à posição que eu havia claramente enunciado. O Congresso devia estar esclarecido, porque as posições eram nítidas. Não intervim novamente porque achei desnecessário e para não influenciar os congressistas. Abstive-me na votação».
Marcelo Rebelo de Sousa já era assim em 1978 … se calhar, há muito mais tempo!
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