Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma direita coesa e forte mas o segundo é que a direita também precisa de um PSD vivo e confiável! Até quando?

terça-feira, 20 de março de 2007

O GOLPE DO PSD

Um golpe certeiro e no tempo próprio feriu seriamente um governo que se revelou incapaz de impedir a exposição pública de algumas das suas principais fragilidades.

Tudo corria no melhor dos mundos para o PS com o anúncio de regresso dos guerrilheiros Paulo Portas e Santana Lopes. O cenário montava-se rapidamente e adivinhavam-se convenientes convulsões na oposição. Sócrates via-se consolidado no palanque da estabilidade, determinação e coragem – a alternativa segura contra a instabilidade e o descrédito da política e dos políticos trauliteiros.

No CDS, as coisas não correram de feição aos socialistas. Todos foram tão longe que, afinal, tudo ficou na mesma. Ou bem pior para o irrequieto Portas.
No PSD, Santana Lopes ficou onde estava, com uma diferença: agora não pode parar e o caminho passa por repôr a verdade do seu passado de chefe. O que incomoda, sobretudo, o PS e o governo de Sócrates.
Afinal, a grande esperança de profunda crise da oposição de direita ficou reduzida à sua expressão mais simples: as zangas dos dois ex-dirigentes.
No governo, a super-encenação do ministro Manuel Pinho não ajudou nada, com essa nova e bizarra (para não dizer grave) ideia de gastar muitos milhões de euros para inglesar o nome do Algarve.

E tudo voltou ao ponto de partida:
o golpe certeiro do PSD.

Na semana passada, o putativo moribundo Marques Mendes revirou tudo ao avesso.
O impávido e desconcertante resistente às constantes chamadas para a política rasteira do toma e leva, o presidente do PSD, apresenta-se tranquilo e sólido, agarra a iniciativa, define e controla a agenda política e mediática.
E ataca fundo, na substância: o Estado tem os recursos, é agora possível atenuar a carga fiscal sobre as empresas e os consumidores e descolar a economia. O projecto Ota é uma ficção cinematográfica de encher o olho mas mal estudada, demasiado cara e comprometedora do futuro que é preciso suspender.

Marques Mendes não fez espectáculo nem protagonizou filme de Fellini. Fez política, a política do seu partido – como deve ser num sistema partidário.
E foi isso que apanhou de surpresa a contrapropaganda de Sócrates. Esperavam traulitada fácil e apareceu-lhes política de fundo, fundamentada e sustentada

E, assim, de repente, o país real ficou a discutir as propostas do PSD.

A chamada sociedade civil, partidos, empresários, engenheiros e políticos, as televisões – todo o país foi despertado da letargia conformista.
O Presidente da República foi envolvido e já não pode assobiar para o ar; a Assembleia da República não pode deixar cair o assunto; o governo não conseguiu escapulir-se – e viu-se Sócrates a comentar de véspera o objecto de uma audiência do Presidente da República (Cavaco Silva deve ter ficado de cabelos em pé) e o ministro Mário Lino enredado em confusas explicações e intrincados jogos de interesses.

Sócrates e Mário Lino ficaram a falar sozinhos. Sem apoios e com todos, correligionários incluidos, a expressar as maiores dúvidas – sobre os estudos publicados e os reservados, interesses em jogo, cumplicidades mal disfarçadas, reais motivações e objectivos, etc..

Certo ficou que toda a estratégia socialista de engrossar a almofada para dar ao desbarato antes das próximas eleições acabou desmantelada.

Os famigerados sacrifícios necessários, afinal, não passam de repugnante manobra de eternização no poder – à custa de tudo e todos.
A tão propagandeada seriedade política é máscara de mero oportunismo de conveniência partidária e a consolidação da recuperação não passa de propaganda; os grandiosos anúncios traduzem-se em resultados zero; a solidez do Governo é irresponsabilidade e insanidade; a pesporrência de Sócrates é simples sublimação de incapacidade e impreparação académica, política e técnica.

A super-vedeta das super-encenações, o gesticular grandioso de alto espaldar com ecrã gigante – tudo isto já está a resultar em fiasco de bilheteira.

Por uma simples razão: o marketing político só pode assentar na realidade e nenhum povo em empobrecimento progressivo aguenta o novo-riquismo de criaturas artificiais geradas por marketings inspirados em realidades virtuais.

O futuro não parece muito brilhante

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