«… em resumo, meu Caro Amigo, por aqui está tudo calmo: o outro, sabes, aquele amigo do Papa, diz que não mas faz que sim, o Pedro anda a lamuriar desculpas por todo o lado e os banqueiros que contam estão no papo.
«Tudo manso, pá.
«É certo que o Coelho, às vezes, parece que quer saltitar da cenoura mas falta-lhe a coragem, coitado.
«Eh pá, e agora apareceu por aqui um banqueirozeco armado em campeão, como se alguma vez tivesse ganho algum concurso?!
«Enfim, lá no fundo, nunca confiar nestas arvéolas.
«Mas, olha pá, como dizia o nosso comum amigo transmontano, o Varejas, estás a ver?, nunca um coelho virou lebre e não há banquinho lá do norte, das berças com a gente diz aqui, que se safe depois de uma comprazita discreta e bem feita!
«Mas está tudo a andar. Já falei com o Berardo … enfim, vamos ver o que é que dá.
«Pelo sim pelo não, vai vendo por aí se alguém alinha na coisa … e já agora, não te esqueças de me explicar como é que vocês aí arrumaram com os comunas, pá – estou farto desses gajos!
«Bom mas vamos ao que interessa: o Verão está aí à porta e é preciso marcar as coisas. Já tratei de tudo para as férias de Julho e para o sky de Setembro. Já tens ideias para Agosto? Que tal um safarizito lá longe?
Ah! É verdade, pá. Quanto àquela coisa do TGV, não te preocupes mais, homem. Já estás na lista da excursão e até vais ser o primeiro a entrar no Poceirão – agora no Caia, vais ter paciência, mas aí tenho que ser eu o primeiro a sair! O. K.?
«Já está tudo combinado, com a RTP e tudo, pá!
«Um Abraço
«PS: não te esqueças de queimar esta carta, conforme combinado, pá. Não vá o diabo do Pacheco apanhar isto e desatar a armar aos cucos! Já percebi que estou lixado com o Rodrigues – é açoriano, não há nada a fazer, coitado.»
(possível final de uma hipotética carta pessoal de Sócrates para Zapateiro)
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