Uma simples chuvada de trovoada, típica em climas como o
nosso, e Lisboa entrou em estado de sítio.
Largas praças, estreitas ruas e longas avenidas
transformaram-se em rios de águas e lama e criaram enormes prejuízos a
comerciantes e industriais lisboetas.
Foi um autêntico dilúvio!
O estranho é que as ruas, praças e avenidas já estão no
mesmo local há muitas e muitas décadas; e a chuva sempre caiu nessas mesmas
ruas, praças e avenidas, com a mesma intensidade ou às vezes, até mais próxima
do dilúvio.
Sabendo-se que, na autarquia, dinheiro não falta para todas as mordomias, alguma coisa foi negligenciada na nossa capital pela Câmara
Municipal de Lisboa, pelas juntas de freguesia da cidade de Lisboa e pelos serviços municipalizados de Lisboa do
ambiente, de higiene e da limpeza.
E só vejo uma coisa: excesso de festas e foguetório em clima de indiferença geral pelas condições concretas da
vida urbana, incapacidade gestão designadamente de previsão meteorológica, falta de limpeza e
fiscalização das sarjetas e da rede de esgotos, a acumulação de lixos e toda a
natural espécie de detritos humanos e da natureza em locais onde as águas pluviais costumam
escoar-se.
António Costa é o primeiro responsável.
Mas compreende-se que a Câmara Municipal de Lisboa não possa
«chegar a todo o lado».
·
O programa de festas da cidade tem sido inusitadamente
intenso e a cidade vive há muitos meses «sempre em festa», com a mobilização
total de todos os recursos camarários para acudir a tanto foguetório.
·
Os serviços de limpeza ocupam-se com enorme
esforço do que está à vista, isto é, de ciclovias, esplanadas nos telhados,
elevadores de milhão de euros para ver os mesmos telhados e eventos de variada
natureza no Terreiro do Paço e nos jardins públicos.
·
Os serviços de segurança urbana estão muito
preenchidos e exauridos com ocupações mais visíveis e, portanto, prioritárias,
como a segurança de maratonas e outros passeatas espectaculares, concertos de
rock ao ar livre e outras manifestações culturais que sempre deixam para limpar
toneladas de vidro, plástico, papel e outros detritos como espinhas de sardinha e ossos de
costeletas de porco ou cascas de tremoços e amendoins.
·
O Presidente da Câmara de Lisboa, António Costa,
anda numa roda viva, sem descanso, pisando tudo quanto é canto na cidade mas sobretudo
no País todo, incluindo as ilhas atlânticas, a ver se dá cabo de António Seguro
e se ocupa o seu lugar no PS.
Ora, perante um quadro destes de trabalhos quase forçados a
organizar e executar tantas e tamanhas festividades, quem é que se lembraria de
limpar as praças, ruas e avenidas, as sarjetas, a rede de esgotos e as valetas,
estaleiros de obras e outros acampamentos de resquícios culturais da cidade de
Lisboa?