Até quando?

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

TAP exige solução militar

Não é inédita esta tentativa de travar o progresso de todos nós usando a TAP.
Noutras tentativas, o governo de então mostrou como, na luta incessante pela autoridade do Estado e pelo superior interesse nacional, se justifica o uso de todos os instrumentos disponíveis e a aplicação de todos os meios coercivos que o Estado tem à sua disposição.

Nada mais simples: militarizar os trabalhadores da TAP e despedir, pelo menos, cerca de 200 trabalhadores da TAP com invocação de que estão a prejudicar, não «o processo de descolonização da Guiné» mas o processo de reconstrução económica do País e o reencontro dos portugueses por ocasião do Natal e Fim de Ano.

Foi assim que os comunistas do PC resolveram uma ameaça antipatriótica quando estavam no governo, em 1974 e 1975.

O Primeiro Ministro desse tempo era o comunista de má memória, Vasco Gonçalves; Álvaro Cunhal, líder do PC, era ministro sem pasta; o ministro do Trabalho era o comunista Costa Martins, o tal que pôs os portugueses a trabalhar de borla não se sabendo ainda hoje para onde ou para quem é que terá ido o dinheiro desse dia de trabalho de borla; o secretário de Estado do Trabalho era o comunista Carlos Carvalhas, o tal que, sucessor de Álvaro Cunhal, chegou a secretário-geral, isto é, ao mais alto cargo no PC.

Um dia de 1974, trabalhadores da TAP paralisaram o trabalho e, em plenário, elegeram um secretariado com competência para agir em situação de emergência.
A reacção do governo comunista e do PC foi imediata e fatal.

Começaram imediatamente as pressões no sentido de demover os trabalhadores da greve.

O ministro de Trabalho, Costa Martins (PC) visitou, no mesmo dia em que começou a paralisação, as instalações da TAP no aeroporto da Portela.

Entre outros, acompanhavam o ministro do Trabalho o sindicalista comunista Daniel Cabrita, da Intersindical, hoje a CGTP de Arménio Carlos, e o futuro sucessor de Álvaro Cunhal no mais alto cargo da direcção do PC, Carlos Carvalhas.

Publicamente, o ministro comunista Costa Martins ameaçou os trabalhadores em greve avisando-os contra «as consequências políticas da greve, na situação particular em que o país vive», e chamando-lhes a atenção para o «carácter extra-sindical da greve».

Na comunicação social, toda controlada pelo PC, espalha-se o boato de que a ligação Lisboa-Bissau não estaria a funcionar, pondo em dificuldade o processo de descolonização.

Na madrugada do dia seguinte à visita do ministro comunista, tropas do COPCON ocuparam o aeroporto de Lisboa.

Um comunicado informou, publica e profusamente os trabalhadores grevistas, que esta «força de choque do COPCON, completamente armada em moldes de entrar em combate imediato, era composta por uma companhia completa de comandos; uma companhia completa de paraquedistas equipados de camuflado, cada militar com quatro cartucheiras, faca de mato, e armados de metralhadoras G-3 e G-3 calibre 7.62 de coronha retráctil; cinco carros de combate chaimites com os ninhos de metralhadoras virados para os trabalhadores e cães polícia.

Dois dias após o início da greve, o ministro do Trabalho e o comandante do COPCON, Otelo Saraiva de Carvalho, anunciaram aos trabalhadores grevistas que o pessoal da TAP era enquadrado militarmente, ficando sujeito ao Regulamento de Disciplina Militar.

A célula do PC na TAP, referindo-se aos outros comunistas hoje o Bloco de Esquerda, emite um comunicado em que denuncia a actividade na greve da TAP de «esquerdistas e aventureiros que estão objectivamente a fazer o jogo das forças mais reacionárias».

O Partido Comunista também emite um comunicado em que convoca «ao fim da greve, ao repúdio de novas aventuras e tentativas de provocação, e à rápida normalização da situação na TAP».

Em Setembro uma assembleia de trabalhadores decide uma paralisação total a partir das zero horas de 24 «se não for dada resposta ao caderno reivindicativo e retiradas as forças militares do aeroporto».

A repressão amplia-se.

O destacamento militar que guarda o aeroporto é reforçado em resposta à ameaça de greve.

Sete trabalhadores são chamados a depôr para averiguações pelas autoridades militares.

São despedidos 200 trabalhadores, todos das oficinas mecânicas, ao abrigo do Regimento de Disciplina Militar.

Esta foi a solução do governo comunista para acabar greve da TAP.


Uma solução que foi uma lição, intemporal porque o dever de defesa dos interesses do Estado é permanente e intemporal – é o que está em causa, hoje, com a sabotagem da TAP.

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