Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma direita coesa e forte mas o segundo é que a direita também precisa de um PSD vivo e confiável! Até quando?

terça-feira, 31 de julho de 2007

PSD: Todos Querem os Militantes ... Não será Tarde ?

Todos os candidatos até agora conhecidos a Presidente do PSD declaram uma inusitada afeição pelos militantes de base.
Este era o discurso esquecido, a intenção que «parecia mal» desde que Cavaco Silva decidiu neutralizar o partido para se projectar no seu projecto pessoal.
É certo que os tempos mudaram e que, entretanto, novas gerações ascenderam e caíram e as velhas gerações, das remotas origens, desmoralizaram desmotivadas e humilhadas perante tamanha campanha anti-partidos fomentada pelas direcções mais recentes. A maior parte desistiu … para defesa da sua dignidade pessoal, profissional e política.
Haverá, pois, sinceridade nas actuais juras de respeito pelos militantes sociais democratas?
Com Cavaco Silva, na fase que precedeu o abandono e posteriormente, criou-se na opinião pública a ideia de que os males da governação provinham do aparelho, dos carreiristas profissionais da política, os que só conheciam a carreira no partido.
Como se este não fosse o retrato dos outros partidos e a grande diferença entre eles e o PSD!
Dirigentes, deputados, aspirantes a uns e outros, e, entre outros, os comentaristas escolhidos a preceito andaram anos a ensinar que o PSD tinha de falar para fora, de prosseguir o interesse nacional e não o interesse meramente partidário, que devia aconchegar-se a essa curiosa figura da «sociedade civil». E nunca se denunciou que essa tal «sociedade civil» não passava de meras tertúlias, sem expressão nem representatividade, criadas pela propaganda e contra-propaganda dos aparelhos adversários, apostados em destruir a autêntica fonte da energia do PSD: a mobilização, espontaneidade, a liberdade e a força dos militantes.
Os militantes não entenderam semelhante dicotomia, ou divergência, entre interesse partidário e interesse nacional. Pois não é o interesse nacional o próprio interesse partidário?
E não compreenderam também os militantes do PSD como é que seria concebível um partido sem militantes, sem militantes informados e ouvidos, respeitados e chamados para o debate e a acção política concreta. E muito menos um partido contra os seus militantes.
Como foi possível retornar aos tempos, velhos de trinta anos, em que militante do PPD significava ignorância, incapacidade, alienação mental?
Como foi possível persistir em preterir os militantes do PSD, apenas por essa mesma condição e pela «inteligente» estratégia de abertura e «diálogo», e entregar gratuitamente ao inimigo (e apenas por essa condição) o controle da execução das políticas sociais democratas, na comunicação social, empresas públicas e na administração pública?
Sentiam-se os militantes envergonhados, como que num País com território, poder político mas sem população. E o que mais feria era, precisamente, o facto de, agora, a desconsideração vir de dentro, vir dos nossos.
A grande viragem para esta época de humilhação veio com Cavaco Silva. Mas foi consolidada com Durão Barroso, Santana Lopes e Marques Mendes. E Filipe Menezes, mal ganhou a Câmara de Gaia, sem nunca ter percebido que qualquer um a ganhava tal era o estado em que o PS a largara (aliás, tal como Santana Lopes na Figueira da Foz ou Lisboa e Seara em Sintra), não deixou de se apresentar como o político de sucesso pela enorme capacidade de resistir aos interesses meramente partidários, de falar para fora, de desprezar os apetites vorazes dessa cáfila que é o conjunto dos militantes.
Muito longe estão os tempos em que um militante do PSD tinha como primeiro argumento que «eu penso assim porque sou do PSD» ou «sou de esquerda porque sou do PSD» ou ainda «só o PSD nos pode salvar da miséria e da indigência».
É incontestável a enorme capacidade de auto-regeneração do PSD. E é curioso como, tantos anos passados, se começa agora a olhar com o devido respeito para a reminiscência do PSD organizado, militante, sem temores, combativo, do partido de acção que subsiste na Madeira.
Infelizmente, porém, não se vislumbra ainda o líder. O líder que não tenha preconceitos contra o partido, contra os seus militantes, contra a humildade, as origens e a cultura popular que enformam o PSD.

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