O PSD está em crise.
Nada de mais para um partido que sempre cresceu das inúmeras crises que enfrentou e venceu.
De quando em vez, lá aparecia o adversário a demonstrar que o PSD perdera a raiz social democrática e o seu espaço no sistema político. A sua razão de ser esgotara-se e o fim inevitável seria a pura e simples extinção e conversão de uma parte em facção moderada do Partido Socialista e a outra parte em tendência de centro esquerda do CDS.
Chegou mesmo a propor-se a criação de «um grande partido social democrata» pela junção do PS e do PSD entregando-se o remanescente a um CDS, com Freitas do Amaral e Amaro da Costa, que agregaria a direita democrática e as vocações da direita quase democrática.
O resto do espectro ideológico acabaria em bagatelas: um PCP e uma extrema esquerda meramente simbólicas e uma direita radical reduzida a tertúlia de saudosistas de privilégios.
Esqueceram-se sempre estes estrategas, fechados na sua arrogância de inspiração intelectual e social, de ter em conta a maturidade intrínseca da cultura popular portuguesa, a autêntica fonte das ideologias e o factor essencial da agregação e coesão dos grupos.
Governar contra a tradição dos povos jamais garantiu estabilidade, respeito pela ordem estabelecida, o exercício eficaz da autoridade, democrática ou não.
Os tempos que correm parecem querer repetir as crises do passado.
Do autoritarismo dominante e crescente já saiu o gérmen da instabilidade; as sucessivas ofensas às aspirações das populações consolidam um sentimento de desconfiança generalizado; os concretos ataques ao bem-estar dos povos, com cortes tidos por irremediáveis na assistência social, cobertura de serviços de saúde e no sistema educativo, espalham a indignação e descrença; a propaganda mentirosa gerou já a completa falta de respeito dos governados pelos governantes.
E tudo isto, tal como antes, acompanhado do insistente apelo dos actuais titulares dos múltiplos poderes à rejeição do «sistema» (que ninguém define apropriadamente), ao combate «aos partidos», tidos por os grandes responsáveis da magreza dos rendimentos e da precariedade de tudo o essencial à vida.
A crise do PSD é, pois, um sinal de esperança.
Não do PSD dos Mendes, Menezes, Marcelos, Ferreiras Leites, Santanas Lopes e muitos outros engravatados e bem vestidos que pululam por aí a distribuir vãs arrogâncias e pesporrências, na inglória tentação de «estar», parecer bem, entrar no jogo dos civilizados bem comportados – dos que se ajustaram às conveniências do tal pântano.
A crise do PSD há-de ser solucionada por outros. Os implacáveis contra as traições, os que não se autoflagelam para parecer bem, os que respondem sem medo e preconceitos, os que falam à alma e a linguagem dos PPD’s, pelos que não entram no jogo para depois se queixarem do jogo, os que acreditam nos partidos, os que sabem usar o «sistema» contra os que abusam dele.
Esta crise há-de anestesiar o amorfismo das conveniências e reconduzir o PSD à força mobilizadora, das realizações, à referência da confiança e luta política, do progresso e respeito por todas as condições sociais, ao partido do povo, em que o povo acredita e que os adversários temem.
E não será preciso muito.
Basta sair dos salões e ir para a rua, os campos, as fábricas, discutir e debater, pôr as secções e distritais no terreno. Basta OUVIR e falar com os MILITANTES. E respeitá-los!
Basta olhar e dignificar o exemplo de Alberto João Jardim
1 comentário:
Vivó Piéssedê. Viva!
Penso que está na altura de chamar o Dr. Durão lá das europas. Pelo menos o PS que conseguiu metê-lo fora de cena ficaria a tremer por todos os lados e o rato fugia pró buraco. lol. Isso é que era Super SENSA! Desculpem a minha franqueza.
Enviar um comentário