Hoje foi a vez de se apresentar perante o preso de Évora, por
suspeitas de corrupção e fraude fiscal, um dos ministros mais engraçados do
consulado socialista chefiado por Sócrates: Mário Lino.
O ex-ministro das Obras Públicas do governo de Sócrates era
o homem dos projectos enormes que a vasta e intensa propaganda do PS queria que
ficassem na história como as «obras do regime».
Um dia gritou bem alto e com a maior convicção: «Jamais», nunca
o aeroporto novo seria construído nesse deserto que Lino dizia que era a margem
sul do Tejo.
Almeida Santos, uma das grandes referências do PS de
Sócrates e António Costa, apoiou Lino e disse mesmo que a localização do novo
aeroporto na margem sul representaria uma grave falha de segurança pois,
havendo uma única ligação do aeroporto a Lisboa, um simples atentado terrorista
contra a ponte do Tejo teria efeitos sérios na inutilização da infraestrutura
aeroportuária e no isolamento da capital.
É claro que alguns dias depois, estas fortes convicções «a
favor da Ota e contra a margem sul» foram substituídas pela convicção de igual
intensidade «contra a Ota e a favor da margem sul».
Mário Lino surgia enérgico das penumbras e encarnava com o
maior realismo cénico a figura do D. Quixote de Lisboa que arrasava à paulada
tudo e todos os que ousavam meter juízo na euforia gastadora de Sócrates.
Ele foi o campeão dos projectos que, apesar de não terem
saído do papel, muitos milhões nos custaram: entre muitos outros, são
paradigmáticos o novo aeroporto de Lisboa na Ota e o TGV ou «o comboio a
trezentos à hora».
Em todo o caso e curiosamente, a aparição do emblemático
ex-ministro Mário Lino fez-me reflectir na conjuntura actual, talvez resultado
de acções politicamente criminosas do passado: as faraónicas obras públicas, a
falência do Estado e de todos nós, o desemprego e a indigência, o endividamento
e a austeridade a que fomos forçados, a submissão à Troika e a perda de
dignidade do Estado português, as «jóias da coroa» das políticas socialistas, como
a Portugal Telecom e o Grupo Espírito Santo, embrulhadas em investigação
criminal, autarquias de referência, como Lisboa, Nazaré e Cartaxo, endividadas
até ao pescoço e José Sócrates a transitar de uma vida de luxo em Paris, paga
por um amigo, para a austeridade da enxerga numa modesta cela da cadeia de
Évora, onde está preso por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e
branqueamento de capitais.
As «coisas» que Mário Lino me faz lembrar!
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