O violento, premeditado e bem organizado ataque a uma propriedade privada no Algarve por um gang de crime organizado, com a destruição de bens, só surpreende quem anda distraído.
É a consequência natural de um Estado sem autoridade, de um governo que ataca as pessoas de bem e as polícias, da intimidação generalizada e da impunidade crescente dos criminosos.
Toda a gente vê por este País fora, nas feiras, festas e romarias populares, agentes policiais com farda e pose de combate, alguns montados em cavalos possantes, a passear-se pelos recintos e arredores, com jeitos intimidatórios, assegurando a ordem pública dos excessos do vinho de meia dúzia de folgazões mais ousados.
E não há a mais pequena hesitação: logo que vizinhos desavindos se encontram e, encorajados pelo álcool e ódios velhos, começam a trocar umas bofetadas e alguns berros, lá vão ambos para a esquadra ou quartel da GNR para identificação e passar a noite … a acalmar.
Ora isto acontece com gente de bem, trabalhadora e respeitadora que, só porque o ambiente era de festa, se entusiasmou no tinto e, num momento, teve o azar de se deparar com o rival, do mesmo modo eufórico pela prova de outros tintos.
No Algarve, a acreditar no senhor ministro e no eloquente silêncio do ENGENHEIRO (Ah! Ah! Ah!), a GNR sabia da manifestação do gang , conhecia os seus propósitos criminosos e tinha exacta noção da dimensão da sua rectaguarda de desordeiros, de apoios militantes e, até, de suporte político.
Foram destacadas forças especiais de intervenção, a pé, a cavalo ou de autocarro azul, para proteger quem e o quê se encontrava no percurso?
Não parece.
Que se saiba, apenas foram, tardiamente, enviados seis pobres soldados, desarmados e desmoralizados pois eles sabem perfeitamente que, se fazem alguma coisa do que deviam fazer, quem se lixa são eles próprios.
Não admira, assim, que ninguém tenha sido detido e conduzido ao quartel da GNR para identificação e para «acalmar» durante uma noite; que a TV se tenha distraído e mostrado um soldado a proteger os meliantes da fúria legítima de quem pretendia ainda usar do seu legal direito de defesa; que os meliantes se tenham passeado impunemente pelas estradas com cartazes e o orgulho de quem venceu a lei e autoridade; que um chefe do gang se permita continuar a ameaçar o Estado de Direito na comunicação social; que um deputado europeu publicamente aplauda o crime e incentive à continuação da prática criminosa.
Também não será de admirar que o Presidente da República tenha manifestado a sua enérgica condenação dos factos e a sua intransigente defesa do Estado de Direito.
Pois é.
Mas isso foi perante as câmaras da TV.
Porque é que não convocou o primeiro ministro para uma audiência de emergência?
Informava-se, exercia o seu poder de influência e talvez não ficasse encurralado no ridículo de «quem fala sem saber» em que foi metido pelo ministro da administração interna!
Perante isto, quem é que ainda se espanta com a crescente onda de violência que atravessa o País todo?
Se se pode invadir propriedade privada e destruir o seu «recheio», porque é que não se pode invadir uma vivenda de ricos, furtar o que interessa e destruir o resto do «recheio»?
... pois, se a vida está tão difícil não há que reduzir o fosso entre ricos e pobres dando aos pobres o que os ricos têm a mais que os pobres?!
Ou entrar num banco e com armas apontadas, requisitar os dinheiros em caixa para distribuir pelos pobres ... assaltantes?
Ou roubar o ouro da senhora rica e avarenta ...
... não será tudo em nome do bem comum?!
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