Pois é.
É a crise, feita à medida de alguns que a fizeram, enquanto gozavam à fartazana.
Mas é a crise que outros têm de vestir apesar de nada terem gozado.
Assim mesmo, sem mais nem menos, a somar aos subsídios que se volatizaram e tudo o mais, lá levei uma bolada de 850 euros em IRS … quando era habitual receber.
E fartei-me de poupar.
Não fui ao futebol, à discoteca nem à ópera, não comprei casaco nem camisa italiana nem cosméticos , não vou de férias há anos, não conheço Paris, Cuba ou Cancum nem a Quarteira, não há automóvel mais barato do que o meu e está parado, não ando por aí fora a gastar gasolina na caça de ministros, não tenho dívidas, não vou a festas nem casamentos nem baptizados, não gosto de mariscos nem souffles e deixei de almoçar em 1980, o meu frigorífico está cheio de ferrugem e o meu pequeno televisor pouco digital continua a resistir ao tempo e aos programas, o computador é um monstro de peso e precisa de umas pancadas para sossegar, nunca entrei no Corte Inglês, ganhei o mesmo mas descontei mais para impostos e outros cortes … e pago a crise!
E nem mudei de mulher nem de casa nem de cão, o pobre velho rafeiro!
É certo, fiz uma extravagância: comprei há quase um ano umas sapatilhas no Continente para esconder o encardido das velhas peúgas … não havia mais barato naquele dia … mas foi uma extravagância!
Poupei, poupei … e, de repente, foi-se tudo para o IRS!
Os outros gozaram … e eu, que tantas saudades tenho de uma feijoada com todos … tudo para a crise, e eu é que pago!
Paciência, do mal o menos.
Se este é o preço para não ver mais Sócrates … é caro … mas vale a pena … deixá-lo lá longe, nas grandes avenidas e cafés, a estudar!
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