Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma direita coesa e forte mas o segundo é que a direita também precisa de um PSD vivo e confiável! Até quando?

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Pacheco Pereira não pode ser a Vítima.

Pacheco Pereira está ansioso por uma iniciativa repressiva e começa a indiciar sinais de desespero.
Construiu uma carapaça de intelectual especialista em ciência política.
Um dia percebeu que só no aconchego de um grande partido alcançaria a fama.
E imaginou que o PSD seria o colo mais conveniente.
Feito de homens práticos, avesso à exposição especulativa e sem a preocupação pública de grandes elaborações teóricas sobre ideologias, o PSD pareceu-lhe o palco vazio onde poderia brilhar como o doutrinador do deserto.
A chamada extrema esquerda em que se formara esgotara-se.
As grandes potências ideológicas que haviam criado aqueles partidos, ocupantes das praças das cidades, que enchiam com vistosas bandeiras, sugestivos cartazes, palavras de ordem guerrilheiras e, tantas vezes, de práticas violentas, em permanentes contra-manifestações, perderam o interesse nas células da contra-propaganda, por falta de necesidade de utilizar aquelas autênticas tropas de choque.
O combate dos grandes interesses estratégicos passou a concentrar-se na estabilização do sistema democrático, na transformação das estruturas motores da economia e na normalização da vida social.
E a extrema esquerda desapareceu. Nunca valeu por si própria e deixou de ter qualquer utilidade.
Pacheco Pereira, como tantos outros que por aí cirandam, alocou-se ao PSD.
Remodelou-se, reestruturou-se, atirou para o lixo os velhos dogmas e, com o pragmatismo típico do estalinismo, construiu um novo pensamento adaptado às correntes da moderna social democracia.
Preparou-se para ser o ideológo que faltava.
Não teve, porém, a humildade de aceitar que o PSD era, desde a sua origem, um partido com uma natureza ideológica consolidada. A multidão de aderentes, os seus tão afamados e temidos militantes de base, continha ela própria os fundamentos da ideologia do partido.
O PPD não importou ideologia.
Ele cresceu porque nasceu como uma ideologia própria já existente, representada na consciência popular e unida pelo valor sociológico comunitário que, naturalmente, se designou por interclassissismo.
Foram os valores comuns intrínsecos da liberdade e igualdade de oportunidades que aglutinaram as pessoas, independentemente da origem e condição.
O PPD não foi criado por um manifesto político e o discurso inflamado e iluminado de um qualquer neo-Lenine.
Foi um sentimento, uma concepção da vida e uma cultura que três pessoas, em nome de muitas, souberam ter a humildade de passar a escrito em folheto simples, identificando como objectivos, ou melhor, como expectativas, a Paz, o Pão e a Democracia.
Pacheco Pereira enganou-se e começou a sentir há algum tempo que não estava em terreno fácil para quem vê os partidos como elocução de vanguardistas construtores de teorias artificiais.
Afinal o PSD não precisa nem suporta ideólogos das velhas tertúlias com direito de acesso reservado.
Por isso percebeu que a sua performance, lá dentro, atingira o limite. Dali não há caminho para a frente. Sente, pois, que tem de encontrar um motivo para sair.
Não irá sair por si próprio, certamente, porque isso torná-lo-ia desinteressante e inútil.
Ele continuará a provocar até que alguém tome a iniciativa repressiva que o elevará a vítima inocente e referencial de uma organização de malfeitores.
É, pois, indispensável, que Pacheco Pereira não seja premiado com o processo disciplinar que ele tanto espera.
O PSD não vai cair na esparrela.
E vai deixar Pacheco Pereira a secar, lentamente, na toca das irrelevâncias frustrantes e inúteis.

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