Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma direita coesa e forte mas o segundo é que a direita também precisa de um PSD vivo e confiável! Até quando?

domingo, 23 de dezembro de 2007

A Hora dos Néscios!

Anda excitadíssima essa corja de falsos assépticos que sublima as suas frustrações com a arrogância típica dos inúteis moralistas em casa alheia.
O governo decretou: «está aberta a caça».
E os caçadores já limparam as armas: agora sim, eles vão lançar todo o chumbo das suas frustrações e raivas acumuladas sobre os fumadores.
Virão embriagados pelo álcool ou cegos de raiva pela humilhação das dívidas vencidas e não pagas e pela insistência dos credores, pela inveja do sucesso dos colegas e vizinhos, pela impotência face à impertinência dos filhos que já não controlam, pela degradação da família, pelo desprezo dos chefes e colegas, pelo miserável anonimato de uma arrogância só eficaz perante o espelho.
Eles estão ansiosos, espreitam e já escolhem alvos.
A sua existência de vegetal de má qualidade, de graxas sem respeito e denunciantes cobardes vê agora aberta a porta da vingança contra a sociedade.
Eles acham que chegou a sua hora!
Mas quem são eles?
Eles são os que só usam perante os chefes palavras ou expressões como «desculpe», «obrigado», «com licença», «se faz favor»; são os que atiram os seus potentes carros para cima de tudo o que mexa nas estradas, rotundas, entroncamentos e cruzamentos; os que enchem o ambiente de frenéticas buzinadelas; os que transformam os passeios em guerra de ombros e chapéus de chuva; os que cospem para o chão e cobrem o chão de fino papel perfumado; os que convertem as bombas de combustíveis em lixeira de papel deitado ao chão, mesmo ao lado dos caixotes de lixo; são os que não puxam o autoclismo e não lavam as mãos; são os que humilham as pessoas educadas, tratam mal os empregados de mesa e protestam contra o bife bem confeccionado; os que não reparam nas filas e avançam de cabeça empertigada para a frente de tudo e de todos; são os que não tomam banho para não inutilizar os cosméticos, lacas e perfumes com que intoxicam a cidade.
E há os outros também.
Os que adoram beber vinho à refeição mas só o fazem às escondidas porque «parece mal»; os ateus que não perdem a missa na igreja da moda; os que bebem as aguardentes velhas e os whisky’s em chávena de chá; os que trocam o leite das crianças pelo fato de marca cara, o cabeleireiro da moda ou a discoteca em voga; são os que não perdem os «imperdíveis» momentos culturais e se mostram em exposições de obras de arte que nem sequer olham de soslaio; os que exibem debaixo do braço livros que nunca lerão; os que opinam convicções sobre tudo o que ignoram; os que são contra a pena de morte mas «adoram» a ideia do aborto e sentenciam a morte do larápio que lhes surripiou o relógio de ouro.
E muitos mais.
Os que nasceram e viveram no meio do estrume, usavam a árvore mais próxima como retrete e a folha de couve ou do jornal ou a pedra como limpa-rabos e já se esqueceram do nome daquele estranho objecto que é a forquilha; os que humilham todos só porque acham que foram humilhados; os que se lançaram na vida graças à cunha do pároco ou do padrinho rico e hoje exigem para os outros os maiores rigores; os que não perdem festa, casamento ou baptizado para «arranjar» um «empenho» para o emprego em lugar condizente do filho sem jeito e habilitação; e os frustrados dos velhos privilégios que tão bem usaram até os perder por ignorância e arrogância e hoje estão na primeira linha da guerra contra os direitos dos que humildemente estudaram e trabalharam para subir na vida.
É desta corja, destes bandos de abutres que não passam de rebanhos de cordeiros mais manhosos que as raposas que se fazem as sociedades dos reinos de «faz de conta», dos denunciantes, da falsa ostentação, da inveja e da mesquinhez, da valoração do culto da estupidez e da ignorância.
São o meio privilegiado das polícias, das «inutilidades públicas e privadas», dos fiscais e dos acéfalos novos ricos mas também dos parasitas oportunistas, das quadrilhas de malfeitores, das máfias, dos gangs, dos ladrões e dos vigaristas.
É a sociedade sem moral, sem vida colectiva, sem comunidade.
É o resultado de longos anos de um sistema educativo cheio de contradições, alheio e em guerra contra a cultura instituidora da alma dos povos, desligado da realidade social que circunda a escola, em opressivas experiências sucessivas de modelos estranhos.
Todos os impérios caíram pela degradação social derivada da desagregação das comunidades.
Portugal está muito à beira do abismo.
Quando um governo usa a mentira e abusa da proibição geral para colmatar as falhas de educação, quando se escuda na repressão da liberdade individual e da cultura popular, quando divide as populações em vez de as unir, quando estimula a delação e o conflito social, quando se atém a pequenas minudências geradoras de instabilidade social, quando quebra a ideia agregadora da unidade fundada no respeito mútuo e recíproco, quando provoca a miséria geral – o fim só pode ser um: o fim de um tempo e o princípio de novos tempos.
Talvez seja esta a grande e única esperança!

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