Até quando?

... o primeiro grande problema é que o PSD precisa de uma direita coesa e forte mas o segundo é que a direita também precisa de um PSD vivo e confiável! Até quando?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

PS humilha PSD após acordo

«O PSD abandonou a linha irresponsável da sua direcção nacional».
É deste modo que o presidente da Câmara de Lisboa, o socialista e ex-ministro de Sócrates, António Costa, comenta o «acordo» cedido pelos sociais democratas.
Isto é: graças ao PSD, o socialista António Costa vai ao banco, saca 400 milhões de euros, paga algumas dívidas deixadas pelos seus camaradas Jorge Sampaio e João Soares, fica com uma «almofada» muito razoável e lá está ele com meios para arrancar com as campanhas de propaganda habituais.
E tudo isto sem «mexer uma palha».
Quanto ao PSD, a imagem que os socialistas já criaram, a propósito do seu acordo, é a de um partido irresponsável, dividido, inseguro, de avanços e recuos, guerrilheiro, patético, que não sabe o que quer, caloteiro, o único responsável pelas dívidas da câmara.
E bem pode Ângelo Correia tentar esclarecer e demonstrar que o endividamento da câmara vem dos tempos do PS e do PC e que, durante a gestão do PSD, a Câmara reduziu a despesa, aumentou as receitas e diminuiu substancialmente a dívida que herdara dos socialistas.
Ele fala forte mas com curto alcance.
E tal é o ruído dos socialistas e dos trotskistas (ou coisa que o valha), amplificado pela comunicação social, que estes factos não passam os portões da sede nacional do PSD.
Jamais chegarão aos eleitores, ao povo - que é o que interessa.
Quando é que o PSD percebe que só consegue maior humilhação de cada vez que chega a acordo com o PS?
Que, com acordos com gente desta, só consegue perder mais o respeito dos partidos, dos políticos, dos comentaristas, dos jornalistas, e, sobretudo, da população?
O PSD cresceu quando soube fazer a ruptura para acabar com os impasses e projectar o futuro; ganhou o respeito geral quando derrubou coligações ou entendimentos com o PS; quando derrubou governos paralisantes; quando feriu de morte os interesses ilegítimos e ilícitos organizados; quando secou os pântanos socialistas e se afirmou sozinho, com a sua ideologia, o seu projecto, os seus homens e mulheres.
Lisboa foi mais uma oportunidade perdida.
Era o tempo da ruptura, da denúncia, do esclarecimento e da afirmação própria.
O PSD optou pela pose, pela tibieza, pela penumbra, pela preservação dos status pessoais adquiridos.
E em nome de quê? Dos interesses dos lisboetas?
Mas não será do interesse de Lisboa e dos lisboetas sentirem eles próprios as consequências dos seus actos? Serem eles próprios a escolher entre a incompetência e a competência, a seriedade e os serigaitas, entre a estabilidade e a inconsistência dos demagogos incapazes e trauliteiros mas prepotentes e arrogantes?
Como é triste, trinta e três anos depois, sentir e ouvir crescer o sentimento generalizado de que «afinal, são todos iguais!».
Mas será tão difícil assim entender que o pluralismo político se realiza com cada um a defender os seus projectos vencendo o projecto que obtiver maior número de votos? Que os impasses são desbloqueados pelo voto popular? E tantas vezes quantas as necessárias? Que estes acordos são marginais e autêntica traição ao voto popular?

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